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19 janeiro 2022

ONGs de Ouro Preto pedem socorro para salvar animais desabrigados


OPINIÃO:
as fortes enchentes que atingiram MG causaram grandes estragos em abrigos e deixaram animais em situação de vulnerabilidade. Esses animais precisam muito da nossa ajuda! 
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Ao deixar suas casas, desabrigados e desalojados de áreas de alto risco geológico de Ouro Preto, na Região Central do estado, precisam deixar parte da família para trás. Cachorros, gatos e outros pets não têm vez no plano de contingência montado pela prefeitura e são deixados à própria sorte, com fome, sob tetos frágeis, que podem cair a qualquer momento. 

A situação foi denunciada ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por ao menos três organizações de defesa dos animais, que cobram ações de assistência da prefeitura. O cenário, segundo as ONGs, ameaça também as próprias famílias evacuadas, que se arriscam voltando a residências condenadas para cuidar dos bichos. 

A denúncia foi feita na sexta-feira passada (14/1) pelo Instituto de Defesa dos Direitos dos Animais de Ouro Preto e Mariana (IDDA), Associação Ouropretana de Proteção Animal (AOPA), além dos Protetores Independentes Ouro Preto e Mariana. Segundo o documento, os atingidos pelas enchentes têm sido orientados pelas autoridades a abandonar seus pets quando não têm para onde levá-los. Com isso, centenas de animais de ao menos oito bairros ficaram confinados em edificações em risco iminente de desabamento, com acesso restrito a alimentação e higiene. 

Três cachorros pretos sobre o telhado de casa evacuada em Ouro Preto

Moradora do Bairro Taquaral, um dos pontos mais críticos da cidade histórica, Isabel Monsueto, de 47 anos, diz ter ao menos 16 cães nessas circunstâncias. Ela conta que foi retirada de casa pela Defesa Civil na última segunda (10/1). Os cachorros tiveram que ser amarrados dentro de um cômodo para evitar fugas. Um deles, preso a um armário, acabou arrastando o móvel ao tentar se movimentar e morreu. 

“A Defesa Civil veio aqui e deu 15 minutos para  a gente sair de casa. Perguntei pra eles: ‘e a minha criação, para onde eu levo’? Eles falaram que era para deixar na casa, que depois a prefeitura ia providenciar um lugar para eles também. Só que, até hoje, eles estão lá. Ninguém fez nada”, relata a dona de casa. 

Para continuar cuidando dos pets, ela se mudou para uma rua paralela à sua residência, trecho que também está sob risco de deslizamentos. “Não quis ir para o abrigo não. Ele é longe da minha casa. Daqui, eu consigo voltar lá e olhar meus cachorros pelo menos uma vez por dia. Eu sei que é perigoso, mas como vou deixar meus bichos morrendo de fome, sede, presos dentro de um cômodo de um metro? É muito doloroso isso que estão fazendo com a gente”, queixa-se a moradora. 

A presidente da Associação dos Moradores do Bairro Taquaral, Estefane Malaquias, diz que vários de seus vizinhos passam por problemas similares. “A situação mais grave é a da Isabel, mas ao menos duas famílias que moram a poucos quarteirões da minha casa também voltam todos os dias para dar comida ao cachorro. Algumas pessoas, infelizmente, acabaram soltando os bichos na rua mesmo”, lamenta a assessora parlamentar, de 27 anos. O imóvel dela dela não corre risco de desabamento, ao contrário de outros 80 interditadas na região pela Defesa Civil.

Abrigo temporário

Presidente da IDDA, Luciana Sales cobra da prefeitura imediata realocação dos animais para abrigos temporários, além da oferta de ração e cuidados veterinários. 

“O que nós já sugerimos à prefeitura foi a locação de baias móveis em espaços públicos, como escolas e ginásios, para acolhimento dos bichos. Nesses locais, as famílias desalojadas poderiam continuar mantendo o vínculo com eles enquanto aguardam em locais seguros a sua própria realocação. Muitas, inclusive, se recusaram a deixar seus imóveis para não abandonar os pets. Não temos aqui só uma questão animal, o que seria grave, pois toda vida importa. É um problema humanitário. Neste cenário, as pessoas também estão em risco”, afirma a dirigente. 

O que diz a prefeitura

Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde Ouro Preto diz que o município foi notificado pelo Ministério Público. O secretário Leandro Moreira diz que a  prefeitura se empenha para resolver o problema e considera adotar as medidas sugeridas pelas instituições de defesa dos animais. 

“Já recebemos indicações de empresas para cuidar dos abrigos temporários e solicitamos orçamentos. O problema é a burocracia. Estamos com dificuldade de viabilizar essa solução. Mas, caso não seja possível, a prefeitura também considera oferecer ela mesmo os cuidados de forma direta. Mas isso também não é simples, pois não podemos simplesmente jogar os animais em um ginásio ou escola. Precisamos fazer isso de forma segura e apropriada’, pondera o gestor.

Ele diz que Ouro Preto conta com um canil municipal com capacidade para 50 animais. O local, no entanto, está superlotado, com 80 cachorros. Questionado sobre o prazo para início do recolhimento e assistência dos pets e suas famílias, o secretário não precisou datas, mas afirmou que a prefeitura deve receber orçamentos das empresas de manejo dos pets ainda hoje. 



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