OPINIÃO: mesmo diante da possibilidade de envenamento acidental desses animais, é importante investigar e punir, mesmo que de modo educativo, os responsáveis.
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Por Lucas Guimarães — Rio de Janeiro
A Polícia Civil investiga se o uso de um herbicida glifosato, substância usada no controle de plantas daninhas como a tiririca e picão preto, teria causado o envenenamento de cerca de 40 cães no bairro do Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. As autoridades já escutaram dez testemunhas, entre elas tutores, moradores, porteiros, síndicos e zeladores da região e analisam imagens das câmeras de segurança.
Segundo a corporação, uma denúncia recebida na última terça-feira (11) levantou a hipótese de que um herbicida poderia ter causado a contaminação dos animais. Uma moradora viu um zelador borrifando o produto pelas calçadas em frente ao prédio onde trabalha após ordem do síndico. Uma equipe da Polícia Civil esteve no local para recolher gravações das câmeras de segurança e apreendeu o borrifador, que foi encaminhado para análise e perícia no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). Além disso, os envolvidos prestaram depoimento na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA).
O uso do produto já havia sido apontado também durante o testemunho da publicitária Izabella Junqueira na DPMA. Ela é tutora do bulldog francês Dior, de 14 anos, internado por uma semana após intoxicação, e ainda sofre com as consequências do tratamento. Ao GLOBO, ela contou que já havia alertado a moradores e síndicos sobre os riscos do uso do produto.
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— Não é a primeira vez que é visto o uso de herbicida por aqui na região, é comum de ser visto, na verdade. Isso serve para acabar com aquelas 'matinhos' que ficam pelas calçadas. Além disso, é de praxe ver os porteiros e zeladores lavando as calçadas com cloro puro, muita gente nem imagina o quão mal isso pode fazer para um cachorro, por exemplo — falou ela.
Como apontou Izabela, o uso do herbicida glifosato é maléfico aos animais. A veterinária Andrea Marinho, que atendeu alguns casos dos cães intoxicados no Jardim Oceânico, apontou alguns sintomas que podem ser vistos após o contato com essa substância.
— A salivação intensa é um sintoma. Normalmente são vistas ulceras gastroesofágicas e a incidência de pancreatites aumentam, acrescentando alterações neurológicas — descreveu a especialista ao GLOBO.
Andrea ainda ressalta não ter atendido nenhum animal com estes sinais na última semana e que fazer a associação ao uso dos organofosforados — produto composto de químicos orgânicos que contêm ligações de carbono-fósforo e são utilizados em agropecuária — ainda é precipitado.
O uso do produto foi proibido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2017, e sua comercialização no país a partir de 2020. No entanto, produtores rurais são liberados de usarem os estoques já comprados para a safra de 2020 e 2021. Ou seja, o método de capinagem química foi proibido no meio urbano.
Fonte: O Globo
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