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06 novembro 2021

Filhote de onça-parda atropelado por máquina agrícola passa por cirurgia para correção de fratura


OPINIÃO:
  a destruição da natureza e a invasão humana está pressionando as espécies silvestres para locais arriscados e ocupados pelas pessoas. Acidentes como esse comprovam os danos que a ocupação humana causam aos animais. 
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Um filhote de onça-parda precisou ser submetido a uma cirurgia no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) da Associação Mata Ciliar, em Araçatuba, interior de São Paulo, após ser atropelado por uma máquina agrícola.

Segundo a veterinária Jaqueline da Silva Boregio, o felino foi encontrado na área rural de Piacatu (SP), com um ferimento em uma das pernas. Ele tinha de 20 a 30 dias de vida quando foi resgatado pela Polícia Ambiental.

“Constatamos que se tratava de um filhote, provavelmente, órfão. Ele chegou sem dentição, ou seja, bem novo mesmo. Fizemos avaliação e constatamos que o animal tinha uma crepitação em um dos bracinhos. O exame de raio-x constatou que se tratava de uma fratura. Acreditamos que a onça tenha sido atropelada por uma máquina agrícola”, explica.

Dias depois de chegar à Associação Mata Ciliar, o filhote foi anestesiado e operado. Veterinários precisaram colocar um fixador externo para tentar alinhar a fratura.

“Está fazendo 10 dias que a onça-parda passou por cirurgia. Faremos um acompanhamento na semana que vem, para ver se a cirurgia está sendo eficaz. O fato de o animal chegar filhote e com uma fratura aumenta o tempo de permanência e recuperação. É um caminho longo, mas existe chance”, diz Jaqueline Boregio.

Atualmente, a onça-parda segue recebendo tratamento intensivo, além de cuidados neonatais das equipes da Associação Mata Ciliar de Araçatuba.

“A partir do momento que o animal estiver comendo e defecando sozinho, ele vai ser levado para um recinto ainda pequeno, mas externo. Conforme for crescendo, a gente consegue transferi-lo para a Mata Ciliar de Jundiaí. Para voltar à natureza, o animal precisa ter pouco contato com humanos, estar se alimentando em pontos diferentes do recinto e conseguir caçar. Se for um animal que fique com comprometimento, ele não pode voltar para a natureza”, afirma Jaqueline.

Aumento

De acordo com o engenheiro agrônomo e presidente da Associação Mata Ciliar, Jorge Bellix de Campos, o número de animais resgatados com ferimentos provocados por máquinas agrícolas aumentou nos últimos anos.

“Isso é preocupante. Os animais são pegos de surpresa. Não conheço bem o funcionamento da operação da colheita, mas pelo que ficamos sabendo, os animais não possuem chance. Eles acabam sendo triturados. Além disso, os que sobrevivem ficam órfãos. É muito triste”, conta.

Com atuação em Araçatuba, Jaboticabal e Araçatuba, a Associação Mata Ciliar recebe animais silvestres feridos todos os dias.

“Infelizmente, o número de animais que acabam morrendo é muito maior. As pessoas trazem os animais e falam sobre os que ficaram mortos. A Mata Ciliar recebe animais dos órgãos oficiais. Eles passam por um processo de atendimento, quarentena, recuperação e reabilitação, para, quando possível, serem devolvidos à natureza”, explica.

Ainda segundo Jorge Bellix de Campos, a falta de planejamento é um dos motivos que influenciam diretamente no aumento do número de animais atropelados por colheitadeiras.

“Temos uma ocupação de solo que não leva em conta a questão da fauna silvestre. Mesmo com a legislação protegendo, a fauna nunca foi olhada da forma como deveria. Poderíamos diminuir o número de acidentes entendendo a dinâmica da fauna de cada localidade. A construção de corredores biológicos e o melhor planejamento das operações de colheitas podem ajudar. Funcionários poderiam percorrer as áreas de plantações para identificar a presença de animais antes de a colheita ser feita, por exemplo”, diz.

Fonte: G1 

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