OPINIÃO: um estudo sério e profundo que mostra o nível de destruição promovido pelo governo Bolsonaro. Um necroestado que prega a morte!
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De acordo com um relatório recente do Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina (MAAP) para conservação da Amazônia, mais de 860 mil hectares de floresta primária foram perdidos na Amazônia este ano — uma área quase seis vezes maior que o município de São Paulo. Os resultados mostram que a maior parte da perda florestal se concentrou no Brasil (79%), seguido pelo Peru (7%) e Colômbia (6%).
O MAAP localizou áreas de perda de cobertura florestal de alta densidade até 18 de setembro 2021, usando análises de alertas de perda de floresta primária (do laboratório GLAD, Global Land Analysis & Discovery) produzidos pela Universidade de Maryland. Os alertas são detectados pelo satélite Sentinel-2, que captura imagens da Terra com uma resolução de 10 metros.
Uma visão panorâmica do desmatamento confirma um padrão bem conhecido: o desmatamento se concentra em torno das estradas. Quase 95% do desmatamento na Amazônia pode ser encontrado em um raio de 5,5 quilômetros de estradas ou rio, e 90% dos incêndios ocorreram em até 4 km de estradas ilegais construídas na floresta, de acordo com estudos recentes.
As estradas têm benefícios, como conceder às comunidades rurais acesso a serviços de saúde e oportunidades econômicas. Mas o problema é que elas também abrem o caminho para atividades mais destrutivas, permitindo o acesso de madeireiros, mineradores e grileiros, que expandem a linha relativamente pequena de desmatamento causada por uma estrada para as laterais, em um padrão conhecido como “espinha de peixe”.
As principais rodovias brasileiras construíram a base para chamado Arco do Desmatamento, o avanço da frente agrícola sobre a floresta principalmente no Pará, Mato Grosso e Rondônia, mas com claro sinais de aumento no Acre e Amazonas.
Neste ano, os alertas de desmatamento no Brasil mostram a perda florestal se concentrando em torno das rodovias federais BR-230 (Transamazônica), BR-319 (Manaus-Porto Velho), BR-163 e BR-364.
No Parque Nacional dos Campos Amazônicos, próximo a um trecho da Rodovia Transamazônica (BR-230) no sul do Amazonas, foram confirmados mais de 3,5 mil alertas de desmatamento em floresta tropical primária apenas entre janeiro e o início de setembro deste ano, de acordo com dados de satélite da Universidade de Maryland. Isso representa um aumento de 37% sobre a perda média anual por ano desde 2017.
“É uma área muito importante para a conservação”, disse à Mongabay Fernanda Meirelles, coordenadora do Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas). “A diversidade é muito rica, tem espécies que se encontram apenas nesse local”.
Grileiros, ou aqueles que reivindicam terras ilegítimas, têm impulsionado grande parte do desmatamento recente nas florestas do Parque Nacional dos Campos Amazônicos, como relatado pela Mongabay no mês passado. Os colonos desmatam e ocupam terras na esperança de que elas percam o status de proteção ou recebam anistia — uma prática comum sob os regulamentos ambientais flexíveis durante o governo do atual presidente Jair Bolsonaro.
Desde que Bolsonaro assumiu o cargo no início de 2019, o desmatamento e os incêndios têm aumentado na Amazônia. Entre janeiro e julho deste ano, a perda florestal atingiu seu mais alto nível desde 2012. Em agosto, a taxa de desmatamento foi a mais alta para o mês nos últimos dez anos.
“O grande salto no desmatamento [em 2019] pode ser atribuído tanto à retórica quanto às medidas reais do governo Bolsonaro”, disse Philip M. Fearnside, professor pesquisador do departamento de dinâmica ambiental do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) no Amazonas.
Fearnside também observou que o sul do Amazonas se tornou um grande hotspot este ano, tornando-se o estado com o maior aumento percentual de desmatamento, sobretudo ao longo das rodovias Manaus-Porto Velho e Transamazônica.
Mas o Pará ainda lidera o desmatamento total, com quase o dobro de área florestal perdida em relação a todos os outros países amazônicos juntos: o estado derrubou 15,5 milhões de hectares de vegetação natural de 1985 a 2020 — uma área equivalente à metade do tamanho do Chile. O total acumulado nos países vizinhos chega a cerca de 8 milhões de hectares, segundo dados divulgados em 30 de setembro pela MapBiomas, plataforma que acompanha as mudanças no uso do solo no Brasil.
Muitas das áreas desmatadas este ano no Brasil também foram queimadas, de acordo com o MAAP. Na Amazônia, as florestas são frequentemente cortadas na estação chuvosa e deixadas até a estação seca, quando então são incendiadas para limpar a terra para pastagem.
Unidades de conservação ainda são freio para o desmatamento
Embora a Amazônia como um todo continue sendo um sumidouro de carbono, dois estudos recentes concluíram que a Amazônia brasileira está emitindo mais carbono do que absorve e, em grande parte, os responsáveis são o aumento do desmatamento e os incêndios.
O MAAP documentou a perda de mais de2 milhões de hectares de florestas primárias em toda a Amazônia ocidental entre 2017 e 2020, com a maior perda em 2020 (588.191 hectares).
Desse total, apenas 9% supostamente ocorreram em áreas protegidas e 15% em terras indígenas. A maioria ocorreu fora dessas principais designações de uso da terra — destacando a importância das áreas protegidas e territórios indígenas e o reconhecimento da posse da terra indígena para salvaguardar o restante da floresta amazônica.
“À medida que o desmatamento continua ameaçando a floresta primária em toda a Amazônia”, escreve o MAAP nas constatações divulgadas em julho, “as principais designações de uso da terra são uma das melhores esperanças para a conservação em longo prazo de florestas intactas remanescentes críticas”.
Fonte: Ecycle
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