Minha Florzinha se foi. Conheça sua história.

Minha Florzinha se foi.... Sapeca, geniosa, mandona com seus dois quilos de graciosidade se tornou o alfa da minha matilha desde que chegou nos braços de Flavinha, que a achou perdida numa rua de Jacarepaguá. Toda desgrenhada, magrinha, mas, com o olhar mais seguro que já tinha visto. Seus olhos diziam pra mim: “Foi uma luta chegar em você.... espero que seja mais facinha com os próximos...”

Depois de banhá-la, cortar seus pelos embolados e lhe dar comida, ela já se colocou como mandona encarando todos que a rodeavam. Os brinquedos escolhidos passaram a ser só dela, dormir na minha cama era óbvio, comer só coisa gostosinha e rosnar quando outro bicho chegasse em mim, era tudo que decidiu a fazer. Virei posse da criaturinha....

Ela não mandava só em mim, mas em todos os outros grandões que a rodeavam. Escancarava os pequeninos dentes e eles saíam de fininho. Aquele pequeno ser sabia se impor... e como! Com os gatos não se importava muito, afinal, gatos são inteligentes o suficiente para passar longe de quem é do barulho..... Os coelhos, também, não encaravam de jeito nenhum a dona do pedaço....

Agora, com rolinhas e pombos ela era carrasca. Pra quem não sabe, estes entram e saem da minha casa sem cerimônia e Flor não perdoava. Caçava, matava e comia sem dó nem piedade... Pombos maiores que ela pegava eram arrastados para seu cafofo e lá ficavam sob sua guarda. Não os comia, mas, com as rolinhas só sobravam as penas.... "Meu Deus, como você é má, Florzinha",  dizia eu espantada com o fim das pobres vítimas. Fosse ela uma cachorra grande, não conseguiria salvá-las como fiz algumas vezes.....

Mas, a minha Flor era linda e de uma elegância tamanha com seu jeitão imponente dentro daquele palmo de mão. Pensei muitas vezes como aquela criaturinha tão pequena tinha tanto poder.... Viveu comigo 13 anos e era, fisicamente, miniatura da minha amada Rebeca.

Há uns três meses, começou a dar sinais de que estava perto da sua partida. Seus brinquedos ficavam em sua cama, mas ela não os arrumava como costumava fazer... perdeu interesse nas coisas... Cega, surdinha e com poucos dentinhos, só manteve o costume de dar um rolê pela casa depois que almoçava. Seu andar, apesar de ainda rebolativo, era de uma velhinha supervisionando seu território.

Acho que este rolê era para se manter acordada, pois sabia que à tarte tinha sempre laranja, melancia, uva, maçã, pêssego ou um bom pedaço de bolo. Ela adorava tudo isto. Quando sentia o cheiro, levantava o focinho tentando achar a fonte daquilo que adorava comer. Atualmente, eu fazia religiosamente, um bolo semanal para ela. As meninas que ficam aqui em casa comigo dizem que na próxima encarnação vão vir como “cachorros da D. Sheila”.... kkkkkk.....

Lamentavelmente, ela se foi ontem, no final da tarde... dormindo.... parecia um anjinho.... Minha pequenininha era um tesouro muito querido.... e quer saber? Está doendo demais sua ausência....

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Algo mais sobre a minha Florzinha: