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03 setembro 2021

Animais começam a voltar ao Parque Juquery dez dias após incêndio que devastou 53% da área


OPINIÃO:
enquanto o ser humano sempre tem o dom de surpreender negativamente, a natureza, com a sua sabedoria e resiliência, sempre oferecer exemplos e surpresas positivas. Esperamos que esses animais reencontrem a força para sobreviver em meio aos escombros do seu lar ancestral destruído pelos seres humanos. 
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Quase dez dias depois do fim do incêndio que devastou o Parque do Juquery, em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, os animais começaram a voltar para a reserva.

Imagens feitas com a ajuda de câmeras de monitoramento instaladas em áreas estratégicas do parque mostram vários bichos retornando ao local, após a destruição de cerca de 53% de toda a área do parque pelo fogo.

A ONG Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD) instalou diversas câmeras na área para tentar acompanhar os animais que escaparam do incêndio. Durante o fogo, a ONG conseguiu retirar do local cerca de 24 animais - 12 deles acabaram morrendo.

O resultado dos vídeos animou veterinários, médicos e socorristas que trabalham no grupo. Tatus, gambás, quatis, capivara e até uma jaguatirica já foram registradas pelas lentes da ONG, além de várias aves.

“Aos poucos, esse pedacinho de Cerrado irá voltar à vida novamente. Parabéns à equipe do parque, que vem desenvolvendo ações que irão acelerar esse renascimento”, disse a ONG numa publicação nas redes sociais.

Recuperação da vegetação

Funcionários do parque também registraram outros dois tatus fazendo suas tocas nas áreas que foram consumidas pelo fogo.

Depois das chuvas que caíram na Grande São Paulo no fim de semana, a vegetação da área voltou a crescer no parque e já mostra sinais de recuperação, segundo os relatos postados nas redes sociais pelo perfil oficial do parque.

A Fundação Florestal, órgão do governo paulista que cuida dos parques e de reservas ambientais do estado, afirmou que o plano de recuperação das áreas atingidas no Parque Estadual Juquery “compreende, num primeiro momento, o constante monitoramento do processo de regeneração natural dos campos de cerrado, que apresentam uma vegetação resistente ao fogo devido à fisiologia do sistema radicular das gramíneas nativas”.

“Intervenções pontuais poderão ser realizadas ao longo do processo natural caso se verifique a necessidade do controle de exóticas ou se as gramíneas não estiverem renascendo dentro do ciclo natural”, disse a entidade.

Segundo o engenheiro florestal Tasso Azevedo, coordenador da ONG MapBiomas, que monitora as queimadas por todo o Brasil, a regeneração do Parque do Juquery é algo que deve acontecer rápido, porque o bioma Cerrado tem um poder de regeneração mais forte que o da Mata Atlântica. Mas é preciso ações para ajudar os animais até que a natureza possa proporcionar alimentos para eles.

“A vegetação se recupera rápido, mas para a fauna é trágico. Se sobreviver ao fogo, não tem comida, porque queimou a vegetação. E é difícil achar água. Então, você tem o impacto do fogo e você tem o impacto do pós-fogo, né? A frequência [com que a queimada acontece numa área] e a extensão do fogo é muito importante pra [sobrevivência] da fauna”, afirmou Azevedo ao Jornal Hoje.

Ao longo dos quatro dias de incêndio no parque, mais de 300 brigadistas trabalharam para conter o fogo. A polícia investiga se ele foi causado pela queda de um balão.

Criado em 1993, o parque abriga o último grande remanescente de Cerrado na região metropolitana de São Paulo. O local foi criado com o objetivo de conservar mata nativa e áreas de mananciais do Sistema Cantareira.

Sete baloeiros são investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP) por suspeita de terem causado o incêndio.

Recorde de focos de incêndio

O número de focos de incêndios registrado no estado de São Paulo em agosto de 2021 foi o segundo maior desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1998.

Em agosto deste ano foram 2.277 focos, ficando atrás apenas de agosto de 2010, quando foram registrados 2.444 focos no estado.

“Temos os dados históricos desde 1998 até a última atualização do satélite de referência que foi terça-feira (31). Em agosto de 2021, tivemos 2.277 focos, bem mais do que o dobro registrado no ano passado, número bem acima da média dos históricos. Sendo que o mais crítico foi no mês de agosto de 2010”, afirma Fabiano Morell, chefe da Divisão de Programa Especial - Queimadas do Inpe.

Segundo a Secretaria Ambiental do estado, 9 em cada 10 incêndios florestais são provocados por ações humanas, entre elas, a queda de balões.

O maior número de focos de incêndio foi registrado na Mata Atlântica: 1.324 focos em agosto. O bioma Cerrado registrou 953 focos.

Em todo o ano de 2020, foram registrados 2.744 focos no estado. Desde janeiro de 2021 até 31 de agosto foram notificados 3.629.

“É muito importante que o consciente coletivo e a responsabilidade individual comece a florescer nesse momento, para que cada um pense um pouco mais no ambiente e nas suas atitudes, para que evite que grandes queimadas e incêndios se propaguem na vegetação. Uma rajada mais forte de vento pode transformar uma pequena faísca em um grande incêndio que afeta todos nós”, afirma Morell.

Período de seca

Segundo Fabiano Morell, o mês de agosto é de fato mais complicado para o estado de São Paulo em relação aos focos de incêndio. Isso acontece por conta das condições de seca que se intensificam nesse período. "Essa seca estressa muito a vegetação e qualquer fonte de ignição pode propagar facilmente incêndios."

"Nesse ano, temos observado várias informações reportando que estamos em um período em que acumula um déficit hídrico muito longo, isso tem impactado diretamente na produção de energia elétrica, no volume de água nos reservatórios e também na vegetação, que fica muito mais suscetível ao fogo", completa.

Morell explica que, independentemente do período, a maioria dos focos de incêndios, como o que aconteceu no Parque Estadual do Juquery, está diretamente ligada à interferência humana.

"Atualmente as condições climáticas estão muito favoráveis ao aumento da seca, as tendências de que a vegetação vai sofrer muito mais. Teremos aumento da temperatura novamente e isso tudo favorece a vegetação a ficar mais propensa ao fogo."

Em 2010, quando foi registrado o maior número de focos de incêndio da série histórica, com 2.444 pontos no estado, Morell lembra que a propagação do fogo também ocorreu devido à seca.

Fonte: G1 

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