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05 novembro 2021

Acusações de maus-tratos a animais impulsionam mudanças no hipismo


OPINIÃO:
tradições que se baseiam na exploração animal precisam ser banidas em todas as áreas. A sociedade contemporânea não tolera mais crueldade contra os mais indefesos. Evoluir é necessário! 
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As imagens de um cavalo sendo agredido durante a Olimpíada de Tóquio rodaram o mundo, e as consequências disso respingaram em uma das provas olímpicas mais tradicionais: o pentatlo. Nesta quinta-feira, a União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM) anunciou que a equitação não fará mais parte da modalidade após a edição de Paris-2024.

Depois de mais de um século tendo seus participantes competindo em cinco esportes (corrida, tiro, esgrima, natação e equitação), o pentatlo moderno abandonará o salto equestre. A decisão veio depois que dois membros da equipe olímpica feminina da Alemanha foram acusados de maltratar um cavalo nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

De acordo com a entidade, um processo de consulta de especialistas será feito para encontrar um esporte substituto adequado. O jornal britânico "The Guardian" apurou nesta semana que a opção mais cotada é o ciclismo. A pentatleta brasileira Yane Marques, medalhista de bronze em Londres-2012, disse que reconhece o esforço de tornar o esporte menos oneroso para a organização, mas acredita que a mudança desconfigura um pouco a modalidade.

"Acho que o hipismo tem um diferencial no dia da prova. O ineditismo, o desconhecimento do animal, testa nossas habilidades, nossa capacidade de adaptação, e isso é um pouco do pentatleta. Coisas que no ciclismo a gente talvez não tenha. Entendo que talvez seja uma medida para simplificar, porque a organização da prova do pentatlo é muito complexa e a parte dos cavalos é a mais de todas. A gente tem que aceitar algumas mudanças que são pela manutenção do esporte", afirma Yane.

Vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro e membro da Academia de Medicina Veterinária do estado, Diogo Alves reforça a complexidade de se lidar com animais deste porte em um esporte profissional e destaca a importância do acompanhamento profissional adequado para eles também durante as competições.

"Os equídeos exigem atenção peculiar e individual, com cuidados rigorosos, como treinamento, fluidoterapia, fisioterapia, tratamento de imunidade, alimentação, adequação ao ambiente, transporte, exames periódicos, medicação, quarentenas e cautela em relação ao comportamento e ao estresse".

Acusação de maus-tratos

Um dos primeiros esportes olímpicos, o pentatlo foi criado pelo Barão Pierre de Coubertin, inspirado nos soldados da cavalaria do século XIX. A modalidade entrou na agenda olímpica dos Jogos da Era Moderna em Estocolmo-1912. Com a tradição mantida por mais de um século de demonstrar todas as aptidões físicas, o pentatlo tem sofrido com a falta de popularidade fora da Europa, e nos últimos anos tem havido vários esforços para de fato modernizar a modalidade.

Mas para Paulo Franco, treinador da Equipe Brasileira Militar de Salto, a retirada do hipismo do pentatlo descaracteriza a origem do esporte.

"O problema não é o hipismo, mas a competição precisa de alguns ajustes. A equitação não pode ser tratada como esgrima ou tiro, por exemplo. É uma prova que tem um animal envolvido. Na minha opinião, o atleta deveria ter uma certificação ou um índice mais elevado para poder competir no hipismo no pentatlo. A prova não é só sobre se segurar em cima de um cavalo", afirma.

Ao contrário das competições equestres padrão das Olimpíadas, os competidores do pentatlo recebem cavalos aleatoriamente para montar, em vez de usar os seus próprios. Em Tóquio, isso levou a acusações de abuso depois que a pentatleta alemã e candidata à medalha Annika Schleu recebeu um cavalo teimoso que se recusou a pular um dos obstáculos. Sua treinadora, Kim Raisner, aparece em vídeo socando o cavalo, enquanto Schleu foi acusada de açoitá-lo excessivamente. A atleta negou a acusação. Sua técnica foi expulsa dos Jogos.

Além deste incidente, o sacrifício de um cavalo ferido em uma prova de hipismo em Tóquio levou alguns ativistas dos direitos dos animais a convocar o Comitê Olímpico Internacional para remover os esportes equestres do programa olímpico.

"Eu não sou a favor da retirada do hipismo dos Jogos, mas acho que colocar uma bancada de ativistas e representantes de ONGs dentro desses esportes para pelo menos lutar pelos direitos dos animais e ser a voz deles, seria uma boa opção", contrapõe Grayce Taranto,  presidente da ONG de proteção animal Eu Sou Testemunha de Golias, do Rio de Janeiro.

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