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26 junho 2024

Após uma série de críticas, governo do RS admite rever projeto de auxílio para quem adotar animais resgatados da enchente


OPINIÃO:
 o diálogo com representantes da causa animal deveria ter sido realizado antes do anúncio desse projeto "brilhante". Francamente, a superlotação de abrigos no RS não é um problema que poderá ser sanado com R$450,00... 
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Por Paulo Rocha

Organizações e voluntários que atuam na causa animal criticaram nessa terça-feira (25) a proposta de pagamento de um vale-adoção de animais resgatados da enchente no valor de R$ 450. A proposta, anunciada na segunda-feira pelo governo do Estado, prevê repasse de duas parcelas do valor por animal adotado. O limite previsto é de dois animais por pessoa. A primeira parcela seria paga logo após a adoção. O segundo pagamento seria feito após o animal passar por um acompanhamento.
Segundo os grupos, a política pode fomentar o interesse pela adoção apenas em troca do dinheiro. Isso poderia levar animais a serem devolvidos posteriormente para as ruas.

“As pessoas que vão adotar ganham tudo, ração, camas, coleiras, tudo, até medicação. Tudo o que foi doado aos abrigos é repassado. Não há custos por dois meses. As pessoas não saem dos abrigos com dificuldades de manter o animal”, argumenta Daisy Vivian, médica veterinária que atuou como voluntária em um abrigo, agora já fechado, de Porto Alegre.

O governo argumenta que a fiscalização se dará por meio de microchipagem. Assim, seria possível até mesmo promover sanções a quem descumprir o acordado. Porém, a medida não traz segurança aos grupos de defesa da causa animal.

“O microchip tem um grande problema. Muita gente coloca, inclusive a prefeitura castra com o microchip, e não são colocados nem os dados do animal. Tu sabe de que cidade ele é, mas não tem os dados dos tutores. Acontece muito isso. E muita gente também resgata animais perdidos e nunca nem imaginam de pegar um leitor de microchip”, afirma a voluntária Deise Falci.

Os grupos defendem, principalmente, que o valor seja investido nos abrigos temporários, além de campanhas de adoção conscientes, visando coibir apenas a busca financeira.

“Estive à frente de um abrigo por 46 dias, até o abrigo ser encerrado. Em nenhum momento, teve uma pessoa do governo do Estado nos visitando para perguntar se a gente precisava de ajuda ou de algum auxílio com estrutura. Então, eu não consigo enxergar que eles possam fazer esse tipo de fiscalização”, afirma Mariana Teixeira, coordenadora da ONG Vets de Rua.

Em entrevista ao Gaúcha Mais na tarde dessa terça-feira (25), o vice-governador do Estado, Gabriel Souza, disse que a partir desta quarta-feira o governo irá avaliar as sugestões dadas por ONGs.

“Vamos conversar internamente e avaliar se é possível aproveitar algumas das sugestões. Não teremos nenhum problema, eventualmente, de mudar a proposta em algum ponto”, afirmou Gabriel Souza.

Prefeituras manifestam dúvidas

Além de ONGs e voluntários, prefeituras também manifestaram dúvidas sobre o projeto. Em documento assinado por quatro secretários municipais em cidades da Grande Porto Alegre, os gestores pediram esclarecimentos. A preocupação é com a responsabilidade que possa recair sobre os municípios.

No documento, secretários de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Eldorado do Sul elogiam a iniciativa do governo em busca de soluções para o grande número de animais sem lar, mas questionam como será feita a fiscalização sobre os adotantes.

Caso aprovado, o projeto prevê investimento de R$ 6,8 milhões para o pagamento do auxílio. Conforme dados da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, 15.259 animais estão abrigados em 353 locais de todo o Estado — a maior parte em Canoas (5.335) e em Porto Alegre (4.223).

Fonte: GZH

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