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05 junho 2024

Defensoria do RS processa Cobasi e pede indenização de R$ 50 milhões por morte de animais em enchente


OPINIÃO:
 o descaso da Cobasi de Porto Alegre (RS) com os animais expõe um nível de crueldade e desumanidade absurdos... que além de multa, essa empresa sofra boicote.. que esse caso terrível sirva para formentar legislações que proíbam definitivamente a venda de animais... 
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A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul entrou com uma ação judicial contra a Cobasi, empresa especializada em produtos e serviços para animais domésticos que também comercializa ‘pets’. A ação busca uma indenização de R$ 50 milhões pela morte de dezenas de animais para venda em duas unidades da Cobasi em Porto Alegre durante as enchentes no início de maio. No total, pelo menos 38 animais de uma unidade e quatro de outra faleceram.
Na ação, a Defensoria alega que a empresa causou danos ambientais, à saúde pública e danos psicológicos à coletividade, devido às imagens divulgadas durante o trabalho das autoridades. Em nota, a Defensoria destacou que “o valor cobrado representa menos de 2% do faturamento da empresa, que é de R$ 3 bilhões por ano”.

Em nota, a defesa da Cobasi chamou a indenização de “absurda” pelo valor pedido, diz que ela “reflete o uso açodado e leviano do direito de petição, no caso exercido à margem da correta apuração dos fatos”. A defesa também afirma que “a Cobasi lamenta profundamente o ocorrido” e que tem ações de apoio ao estado em andamento, destacando o envio de de suprimentos. (Veja a nota completa no final da reportagem).

Entenda o caso

Em uma das lojas, que fica no subsolo do Shopping Praia de Belas, dezenas de animais de pequeno porte como aves, peixes e roedores foram deixados durante a inundação que afetou o espaço no dia 3 de maio. Segundo testemunhas e gerentes do shopping, mesmo com o fechamento do centro comercial naquele dia ainda era possível acessar a unidade da Cobasi nos dias seguintes e fazer a retirada dos animais.

Enquanto a água subia com o passar dos dias, a gerente da loja orientou os funcionários a guardar equipamentos eletrônicos do local dentro de carrinhos de compras, que foram colocados no mezanino, que ficou intacto. Os animais, que foram deixados com comida e água para alguns dias, poderiam ser carregados dentro de suas gaiolas mas permaneceram no subsolo, que foi totalmente alagado.

Um trecho do documento relembra as imagens dos corpos e afirma: “Visualizando os animais como sujeitos de direito, e principalmente como seres vivos e sencientes, que sentem dor e agonia, choca a imagem a seguir de 38 deles (no mínimo) mortos afogados, de forma cruel e lenta.” O processo também questiona se o desfecho teria sido diferente se no lugar de roedores e aves fossem cães e gatos.

Na outra loja mencionada no processo, os funcionários fecharam o estabelecimento, alegando ter deixado comida e água suficientes para cinco dias, mas não voltaram mais ao local por uma semana. O resultado só não foi o mesmo da unidade que fica no shopping, porque ativistas entraram na loja e retiraram os animais. Mesmo assim, quatro já haviam falecido.

“A comunidade porto-alegrense, gaúcha e brasileira foi exposta a imagens terríveis de cadáveres boiando em um shopping center, imagens que remetiam diretamente ao cruel abandono por parte de seus tutores. Além disso, a pessoa jurídica atingiu gravemente a saúde pública. A decomposição dos cadáveres expôs e ainda está expondo pessoas a diversas doenças”, afirma o defensor público dirigente do Núcleo de Defesa Ambiental da DPE, João Otávio Carmona Paz, que assina a ação.

João Otávio alega que o contato de animais com água de esgoto infectada propicia a contaminação por leptospirose, raiva, hepatite, entre outras doenças. Essa mesma água escoou pela cidade em um cenário de sete pessoas mortas por leptospirose até o momento.

Além da indenização, a Defensoria Pública requer que a loja seja proibida de comercializar animais e pede a proibição do uso de gaiolas fixadas e de difícil retirada, além da comercialização de animais em locais identificados com risco de inundação.

Confira a nota de defesa da Cobasi na íntegra, assinada pelo advogado Paulo Amador da Cunha Bueno:

A defesa da Cobasi, empresa do segmento Pet estabelecida há quase 40 anos no Brasil, tendo tomado conhecimento da matéria veiculada nesta data pelo site de notícias “UOL”, vem a público esclarecer o quanto segue:

1. a Cobasi, como quase todo o Estado do RS foi surpreendida e vem suportando as consequências de uma tragédia natural de proporções imprevisíveis e catastróficas, que vitimou famílias, empresas, comércios e animais;

2. Infelizmente a notícia divulgada de que a defensoria pública ajuizou ação pretendendo absurda indenização de 50 milhões de reais, reflete o uso açodado e leviano do direito de petição, no caso exercido à margem da correta apuração dos fatos;

3. a Cobasi teve sua loja, situada no shopping Praia de Belas, em Porto Alegre, desocupada de maneira urgente na sexta-feira (03/05), sendo certo que todos os animais foram colocados em altura razoável em relação ao piso, caso houvesse a entrada de água nas dependências da loja;

4. Ocorre que, contrariando todas as expectativas, as chuvas foram muito mais violentas do que o esperado e verificado em anos anteriores, surpreendendo toda o Estado pela força destrutiva das águas;

5. Diante desse estado de coisas, o shopping manteve seus acessos fechados, não sendo possível — a despeito da tentativa nos dias subsequentes —, acessar as dependências do imóvel;

6. A despeito de a equipe de funcionários haver deixado uma provisão de alimentos e água para os animais para um período mais longo, caso o fechamento se prolongasse, a inundação foi muito além do que seria previsível, ocasionando o completo alagamento e destruição da loja, com a perda de equipamentos, estoques e a morte das aves, roedores e peixes ornamentais que lá se encontravam;

7. a Cobasi lamenta profundamente o ocorrido, destacando que vem tendo uma enorme ação de apoio ao Estado do RS, com o envio de grande quantidade de suprimentos, inclusive para atender os animais resgatados, ficando extremamente consternada com a forma injusta, irresponsável e leviana com que a questão vem sendo narrada por alguns veículos e agentes públicos.

Fonte: CNN

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