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05 setembro 2020

Queimadas no Pantanal: conheça as histórias dos voluntários que atuam no resgate dos animais

Gente, como o título fala em voluntários, mostrei a matéria de duas ONG´s que estão atuando no resgate e tratamento dos animais em sofrimento devido as queimadas que tomam conta do Pantanal e no geral da Amazônia. Lembramos com todo reconhecimento das polícias ambientais já que o resto das instituições governamentais estão descaradamente ignorando. Mesmo com estes criminosos do governo federal e estadual falando que estão tomando providências, os satélites do mundo inteiro registram o crescimento desenfreado das queimadas e garimpos ilegais que estão acabando com nossas matas, nossos bichos e nossas riquezas minerais. E os cúmplices desta desgraça, aplaudindo..... Tô morrendo de dor de tanto sofrimento, gente.... Leiam isto: "Pantanal tem segundo maior número de queimadas para agosto desde início das medições; focos detectados na Amazônia superam média histórica" . Outras matérias ao final.
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Vakinha 1 - CHAMAS NO PANTANAL
Vakinha 2 - Pantanal em Chamas: ajude a salvar milhares de animais silvestres 
Fundação Ecotrópica
AMPARA - 
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RIO — O veterinário Jorge saiu de carro de Jundiaí, no interior de São Paulo, e percorreu cerca de 1.800 km até a rodovia Transpantaneira, decidido a fazer diferença. A estudante de veterinária Helena ficou angustiada ao ver as imagens de animais mortos e também resolveu ajudar. E Ilvano, presidente da ONG Ecotrópica, amealhou voluntários para identificar poças de lama com pequenas quantidades de água, pontos de referência para os animais em risco em meio ao recorde de queimadas no Pantanal.

Como os três, muitos outros profissionais estão atuando na linha de frente do resgate e atendimento aos animais na região. Além da vegetação devastada, a fauna também está gravemente ameaçada, com mortes provocadas não só pelo fogo, mas também pela inalação da fumaça e as dificuldades de se encontrar abrigo e alimento.

As queimadas já atingiram quase 10% do Pantanal em 2020, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e continuam a consumir o bioma. A ajuda dos voluntários tem sido essencial para diminuir o tamanho do desastre.

Eles contam já terem encontrado milhares de animais silvestres mortos ou com partes do corpo queimadas, entre serpentes, lagartos, jabutis, jacarés, tamanduás, macacos e diversas outras espécies. Os mais ágeis, como a onça-pintada, conseguem fugir do fogo, mas sofrem com as patas queimadas e os impactos provocados pela destruição de seu habitat.

'De repente, tudo começa a queimar'
A estudante de veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Helena Aimeé Santos Lima, de 22 anos, integra uma equipe de voluntários para resgate de animais silvestres coordenada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Mato Grosso (SEMA) em parceria com outras instituições públicas, privadas e do terceiro setor.

As equipes saem para buscas e levam os animais resgatados para o Posto de Atendimento Emergencial para Animais Silvestres (PAEAS), instalado no Km 17 da Transpantaneira.

— Nós, que moramos aqui, estamos vendo que são muitos animais mortos. Quando não morrem queimados, é pela intoxicação. Fiquei angustiada e decidi ajudar, fazer o que dá — conta a estudante, que vive no município Chapada dos Guimarães e já tinha feito um estágio com animais silvestres na universidade.


Para Helena Lima, a maior dificuldade é a fumaça, que faz os olhos arderem e provoca dificuldade para respirar. Nas buscas à noite, o fogo é mais baixo e de difícil identificação, mas todo trabalho é feito em conjunto com o Corpo de Bombeiros, que orienta os voluntários. A comunicação entre as equipes também é um problema, pois a rede de telefonia não funciona em todos os locais.

— Um dia desses saímos para as buscas e, de uma hora para outra, o vento virou. O fogo aumentou muito, queimando vários metros, e nós vimos as árvores voando. É um desespero para os animais, que estavam em área verde, mas, com a mudança brusca do vento, de repente vêem tudo queimando — conta.


'O que não foi devastado está queimando'
O veterinário Jorge Salomão Júnior, de 36 anos, é voluntário na ONG Ampara Animal, que também integra a força-tarefa organizada pela SEMA. Morador de Jundiaí, em São Paulo, o veterinário saiu em seu próprio carro, adaptado para lidar com animais silvestres, e percorreu cerca de 1.800 km até a Transpantaneira. Ele trabalha em parceria com o projeto de monitoramento de onças Jaguar Identification Project, que ajuda no atendimento aos animais queimados, e com uma pousada da região, que também apoia os voluntários.

— Nós patrulhamos a região das queimadas em busca de animais feridos, espalhamos água e comida pela região queimada — conta Salomão Júnior. A dificuldade de acesso na região, ele acrescenta, limita a ação do grupo, no entanto, às margens das rodovias.


O veterinário já participou de outras operações de resgate, mas diz jamais ter visto uma situação como a atual. — Grande parte do Pantanal já foi consumida pelo fogo, e a cada dia que a gente sai para buscar os animais tem um foco de incêndio atingindo uma área nova. A impressão, olhando da beira da estrada, é que queimou quase tudo, e o que não foi devastado ainda está queimando. É assustador — descreve.


Voluntários da ONG Ecotrópica também atuam na região, criando ilhas de alimentação e água para os animais. Fazem parte da organização três equipes formadas por quatro pessoas, que se revezam ao longo de um trecho de 40 quilômetros da Transpantaneira.

'São muitos animais sem condição de seguir'
O presidente da ONG, Ilvanio Martins, de 50 anos, conta que restaram poças de lama com pequenas quantidades de água, que se tornam pontos de referência para os animais. Os voluntários identificam esses locais e distribuem frutas e folhagem nas imediações.


— A gente procura dar sobrevida aos animais que foram atingidos diretamente pelo fogo. Muita vegetação foi afetada, alimento foi perdido, assim como, por exemplo, os espaços em que as aves procriam. E está é a época da procriação. A cena é muito triste, encontramos muitos animais debilitados, sem condição de prosseguir — conta.

As equipes da Ecotrópica são formadas por voluntários de diferentes segmentos. Há estudantes, biólogos, veterinários e empresários. Martins explica que muitas vezes não é possível levarmais pessoas a campo por conta do calor de mais de 40 graus e os riscos de contato com animais em fuga, nervosos, como onças e serpentes. Ele também destaca que o trabalho dos voluntários na região será necessário a longo prazo.


— A recuperação vai demorar. Mesmo com chuva, a fonte de alimento que se perdeu para os animais não será refeita em pouco tempo. Precisamos continuar tendo apoio e recebendo doações de material, medicamentos, alimentos. Quando observamos os animais indo para as ilhas (de alimentação), percebemos que nosso trabalho está valendo — afirma.

Campanha arrecada doações
O Secretário Executivo do Comitê Estadual de Gestão do Fogo da SEMA, coronel BM Paulo Barroso, responsável pelo posto de atendimento a animais silvestres na Transpantaneira, diz que a atuação dos voluntários nessa força-tarefa é extremamente importante.


— Eles estão se oferecendo para atuar tanto dentro do PAEAS quanto no resgate. Fornecemos a eles acampamento, alimentação e transporte. O pessoal do Jeep Clube e grupos que fazem trilhas com motos também vão ajudar, colocando à disposição seus equipamentos — explica.

A ação reúne 14 voluntários que trabalham em conjunto com os bombeiros e policiais militares, e o objetivo é que ela seja expandida nos próximos dias.


Interessados em se voluntariar podem entrar em contato com o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato Grosso, que está organizando os nomes em um banco de dados. Novas equipes serão envidas, no entanto, apenas quando houver estrutura para recebê-las.

Também é possível apoiar a força-tarefa com doações. Uma campanha de arrecadação começou na última terça-feira, por meio de uma vaquinha online. — Precisamos comprar medicamentos, insumos para imobilizar os animais e para fazer a contenção deles. É uma iniciativa nova, e precisamos desse apoio — afirma.

O coronel Dércio Santos da Silva, coordenador do Comitê Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman), destaca que o serviço de voluntariado é uma ação positiva, trabalhada há décadas no estado, mas ressalta que deve ser realizado de forma integrada, com as instituições trabalhando com o apoio da sociedade, para evitar riscos.


— A estiagem está severa, a temperatura chegando aos 40 graus, e os ventos, fortes. Em outros países há morte de pessoas por causa dos incêndios florestais. Então precisamos ter muito cuidado, técnica e trabalhar integrados, porque um fortalece o outro — diz.

Fonte: Jornal O Globo
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