OPINIÃO: infelizmente, esse deputado foi eleito sob a mesma sigla do nosso então presidente, hoje sem a representação de um partido político, mas faz certíssimo ao dar o exemplo de que uma causa depende da ação humana em prol do bem e não de interesses políticos!
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Desde pequeno Bruno Lima via os tios e avós cuidando de animais abandonados. Eles traziam para casa, alimentavam e buscavam um novo lar para os bichinhos. Isso fez crescer no garoto um desejo de fazer o mesmo e quem sabe até mais. Bruno cresceu e se tornou delegado atuando na 13º DP, na Casa Verde, zona norte de São Paulo. Lá, buscou continuar o trabalho em prol da causa animal.
O primeiro resgate foi em meados de 2017. Um soldado da Polícia Militar entrou em contato com Bruno com uma denúncia de tráfico de animais. "Ele perguntou se eu poderia intervir porque ele não conseguiu uma autorização do seu superior". O resgate foi feito e postado nas redes sociais de Bruno. "Isso só fez despertar mais denúncias e de lá para cá não parei nunca mais".
O trabalho, contudo, não foi fácil. A delegacia em que Bruno trabalhava não era especializada, ele atuava como delegado plantonista e tinha outros inquéritos para investigar. Ao todo, conseguiu agir em seis ou sete casos, não se lembra ao certo, só se recorda de serem poucos. Decidiu, então, que precisava atuar em outra instância, uma mais abrangente.
Além disso, houve o preconceito. "Quando fiz a primeira ação, em um primeiro momento recebi comentários como 'vai cuidar de criminoso de verdade', 'vai prender ladrão', fora a avalanche de comentários homofóbicos. E essas coisas viralizaram nas redes sociais. Nunca liguei para esses comentários porque meu propósito era ajudar, mas foi complicado, tive até problemas na corregedoria da polícia por conta disso", lembra Bruno Lima.
Assim, em 2018, ele decidiu se afastar da Polícia Civil e se candidatar a deputado estadual. Os 103.823 votos foram o suficiente para elegê-lo. "Eu nunca acompanhei política e não me envolvia. Mas decidi ser deputado para conseguir um impacto maior. Meu objetivo dentro da política é impactar a causa animal e a vida das pessoas de forma mais ampla", explica.
Da polícia à política
Um convite do ex-senador Major Olimpio — morto em março de 2021, vítima da covid-19 — levou Bruno Lima ao PSL. O partido que elegeu o presidente Jair Bolsonaro (hoje sem partido) possui diretrizes consideradas de direita e também integrantes da extrema-direita. A atual polarização política no país, contudo, não interfere no trabalho do deputado estadual Bruno Lima.
"As pessoas que gostam e se identificam com a causa animal são de vários espectros políticos, então, a gente acaba trazendo todo mundo", comenta.
Em suas postagens nas redes sociais há comentários de políticos mais à direita, como do deputado estadual Douglas Garcia (PTB), e mais à esquerda, como do deputado federal pelo Rio de Janeiro David Miranda (PSOL). "A gente evita entrar em polêmica e foca no que temos que fazer, que é ajudar as pessoas e animais por meio de políticas públicas", explica Bruno.
Dentro da Assembleia Legislativa de São Paulo, então, Bruno leva para votação projetos que vão desde a criação de "programas sociais que garantam aos estudantes das escolas públicas estaduais o direito à merenda escolar nos períodos de férias", até "o acolhimento de pessoas em situação de rua em prédios públicos subutilizados com infraestrutura necessária".
Além disso, o delegado também participará da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará ações e omissões no combate à violência contra mulher. "Tudo o que estou trazendo para o mandato são experiências que de fato vivi na polícia. Fiz vários casos de violência doméstica. Agora, no mandato, muito mais do que um simples projeto precisamos construir políticas públicas", diz.
A política pelo resgate
Além de ajudá-lo na construção dos projetos de lei, os 22 assessores parlamentares de Bruno Lima possuem uma característica especial. Todos, para trabalhar no gabinete, precisam saber resgatar animais.
Leonardo Baptista dos Santos é um deles. O assessor estava indo para um desses resgates quando atendeu a reportagem de Ecoa por telefone. Léo, como é conhecido pela equipe, costuma dizer, assim como o próprio delegado, que o amor pelos animais vem "de berço".
Estudante de direito, Léo conheceu Bruno Lima quando este ainda atuava como delegado na DP da Casa Verde. Cumprindo horas complementares para a faculdade, Léo se identificou com o trabalho do delegado frente à causa animal e, quando Lima decidiu se candidatar a deputado estadual, não pensou duas vezes. Ia ajudar na campanha. Com a conquista das eleições, foi convidado para compor o gabinete do deputado.
"Fizemos cursos de capacitação e palestras com veterinários para termos noção do que seriam maus tratos ou não. Tudo começa com a denúncia através das nossas redes sociais e dos formulários. Fazemos um filtro das denúncias e vamos até o local averiguar. Se registramos maus tratos, alinhamos com a polícia um apoio para resguardar nossa segurança e do tutor do animal, é elaborado um boletim de ocorrência, e, no fim, combinamos com um veterinário parceiro um dia para o resgate", explica.
Roberta Dias Lima é outra assessora parlamentar empenhada no gabinete e nos resgates. Ela, que é de América (SP), é encarregada de averiguar denúncias e fazer resgate de animais no interior de São Paulo. Arquiteta, Roberta atua há cerca de dez anos na ONG Animais têm Voz, projeto pelo qual conheceu o deputado e foi convidada para trabalhar com ele.
Como o trabalho feito por Bruno Lima e seus assessores não é um trabalho de ONG, ou seja, eles não ficam com os animais e recolhem doações para cuidar dos bichos até que eles encontrem um lar, Roberta explica que eles atuam construindo parcerias para que os animais resgatados sejam atendidos. A ONG Animais têm Voz é uma dessas organizações parceiras.
Como os resgates não são feitos apenas com animais domésticos, mas com silvestres também, a assessora explica que há outras parcerias para atender essa demanda. "No interior, contamos com a Mata Ciliar de Jundiaí e em São Paulo, com o CeMaCAS - Centro de Manejo e Conservação de Animais SIlvestres".
As pessoas da nossa equipe são apaixonadas por esse trabalho, então, mesmo sem a reeleição do deputado, nós vamos buscar formas de continuar atuando em prol da causa animal. É uma luta árdua e nós não vamos parar.
Perpetuando o amor pelos animais
Em casa, Bruno Lima não deixa de lado o trabalho com os animais. Muito pelo contrário. A família de Bruno tem quatro animais. Dois deles são cachorros que foram encontrados sofrendo maus tratos. Os outros dois são gatos que já vivam com sua mulher, a ex-BBB e atriz Cacau Colucci, que também foram resgatados em situação de maus tratos. Cacau é madrinha de diversas ONGs que atuam na causa animal e, segundo Lima, dá muito apoio para o trabalho dele com os resgates.
No mês passado, ambos se tornaram pais. Arthur, se depender do pai, também deve ser exemplo no cuidado e amor por animais. "Nós acreditamos bastante na educação para a causa animal, e eu vou mostrar para as pessoas tudo o que eu vou fazer para o Arthur crescer e ser educado já com livros e conhecimentos sobre causa animal e meio ambiente. Vai ser muito bacana dar esse exemplo para pais e mães para que eles apliquem isso em suas casas também", comenta.
Falo sempre para a minha equipe que os resgates que fazemos é a pontinha do iceberg de um problema gigantesco. É importante, sim, que continuemos fazendo os resgates, mas temos que conciliar isso com ações que vão mudar de fato a realidade da causa animal. Batemos muito na questão da educação. Precisamos educar as crianças e adolescentes para mudarmos a causa animal ao longo prazo.
Fonte: UOL
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