OPINIÃO: Imaginem leitores que, em 2013, publicamos em nosso blog a matéria com o título "Crustáceos sentem dor, revela estudo" . Só agora o tema está sendo definido no Reino Unido. Quando chegará ao Brasil? só Deus sabe....
------------------
Cozinhar lagostas vivas pode ser proibido se os ministros agirem de acordo com um relatório encomendado pelo governo que concluiu que crustáceos têm sentimentos. O estudo, conduzido por especialistas da London School of Economics (LSE), concluiu que havia “fortes evidências científicas de que crustáceos decápodes e moluscos cefalópodes são sencientes”.
A descoberta segue uma discussão sobre o projeto de lei de bem-estar animal (senciência), que reconhece todos os vertebrados - animais com espinhos - como seres sencientes. A Conservative Animal Welfare Foundation apresentou seu próprio relatório ao governo, argumentando que crustáceos e moluscos também têm sentimentos.
Isso levou os ministros a encomendar uma revisão independente das evidências. Depois de analisar as extensas submissões de pesquisa ao longo de vários meses, o relatório LSE revisado por pares concluiu que há fortes evidências científicas de senciência em crustáceos decápodes e moluscos cefalópodes, e recomenda que eles sejam incluídos na legislação de proteção animal.
Se eles fossem incluídos, a legislação proposta no projeto de lei poderia protegê-los de serem submetidos a mortes dolorosas.
A pesquisa mostra que os crustáceos decápodes têm receptores opióides e respondem aos analgésicos opióides de forma semelhante aos vertebrados, indicando fortemente que eles sentem dor. Sua reação a agressões corporais, como tentar escapar de água fervente, é mais uma prova de sua capacidade de sofrer. Há um grande número de pesquisas mostrando que os cefalópodes têm cérebros e sistemas nervosos complexos e são capazes de aprender e evitar experiências desagradáveis como choques elétricos, para resolver problemas e usar ferramentas.
Vários outros países oferecem proteção a essas espécies na legislação de bem-estar animal, incluindo Noruega, Nova Zelândia, Áustria e partes da Itália e Alemanha.
Zac Goldsmith, ministro do bem-estar animal, disse: “O Reino Unido sempre liderou o caminho no bem-estar animal e nosso plano de ação para o bem-estar animal vai ainda mais longe, estabelecendo nossos planos para trazer algumas das proteções mais fortes do mundo para animais de estimação, gado e animais selvagens.
“O projeto de lei de bem-estar animal fornece uma garantia crucial de que o bem-estar animal é corretamente considerado no desenvolvimento de novas leis. A ciência agora está clara que crustáceos e moluscos podem sentir dor e, portanto, é justo que eles sejam abrangidos por esta peça vital da legislação. ”
Os ativistas receberam bem a mudança. Claire Bass, diretora executiva da Humane Society International / UK disse: “O reconhecimento por lei de que animais como lagostas e polvos são sencientes é uma afirmação muito bem-vinda de que este projeto de lei é sustentado pela ciência.
“É fundamental que a senciência animal não seja determinada subjetivamente com base em preferências ou conveniências políticas, econômicas ou culturais, mas que seja determinada com base em fatos, e o relatório da LSE não deixa espaço para dúvidas nessa frente.
“Este é um primeiro passo importante para estabelecer um tratamento mais respeitoso com esses animais incríveis. Conhecendo sua capacidade de sofrer, não podemos agora fechar os olhos legislativos para algumas das coisas terríveis que são feitas a eles, como desmembrá-los ou fervê-los vivos. Esperamos trabalhar com o governo, a indústria e os cientistas para chegar a um acordo e implementar soluções humanas. ”
Juliette Booker, da Crustacean Compassion, disse: “Estamos muito satisfeitos que a LSE concorde que animais como caranguejos e lagostas podem sentir dor, e aplaudimos a Defra por encomendar esta revisão inovadora. O governo agora tem todas as informações de que precisa para fazer história no bem-estar animal e pedimos que tomem medidas imediatas para proteger os decápodes e cefalópodes na legislação de bem-estar animal ”.
Fonte: The Guardian
Compartilhar
Nenhum comentário:
Postar um comentário