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03 novembro 2021

OFF TOPIC: Jovem indígena tem pai perseguido pelo governo Bolsonaro e mãe ameaçada de morte


OPINIÃO:
nosso blog não pode se omitir às causas ambientais e a perseguição que nossos índios estão sofrendo por conta deste governo criminoso que reina no país. O maldito presidente, ao invés de considerar todas as palavras de Txai Surui, que foi a COP26 denunciar o que está acontecendo no Brasil, preferiu vomitar mais um comentário patético que podemos ler na postagem: Bolsonaro diz que liderança indígena foi à COP26 'atacar o Brasil' . Enquanto isto temos a notícia hoje de que Dois indígenas isolados são mortos a tiros por garimpeiros em Terra Yanomami . Quando este pesadelo vai acabar?
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Aos 24 anos, a paiter-suruí Txai Suruí fez história ao discursar, em inglês, na abertura da COP26, em Glasgow, nesta segunda-feira (1º). Diante dos olhos do mundo e na presença de líderes como o britânico Boris Johnson, defendeu a participação dos povos indígenas nas decisões da cúpula do clima e lembrou o assassinato do amigo Ari Uru-Eu-Wau-Wau.

Mas os dois minutos no palco principal foram curtos para relatar as ameaças, os reveses e as conquistas que a jovem e a sua família vêm acumulando em Rondônia.

Txai é filha de Almir Suruí, 47, uma das lideranças indígenas mais conhecidas do país e duro crítico do governo Jair Bolsonaro (sem partido).

Por causa dessas críticas, foi perseguido. No final do ano passado, o presidente da Funai, Marcelo Xavier, pediu à Polícia Federal a abertura de um inquérito para investigar "crime de difamação" que teria sido cometido por duas associações ligadas a seu pai.

O motivo foram críticas à atuação do órgão indigenista federal no combate à Covid-19. O caso, revelado pelo UOL, acabou arquivado em maio.

A pandemia, aliás, foi especialmente dura para Txai. Ela perdeu as duas avós para a doença, além de primos e tios.

A mãe de Almir, Weitãg Suruí, falecida em janeiro, era um dos poucos paiter-suruís vivos nascidos antes do contato, ocorrido em 1969. Nos anos seguintes, doenças trazidas pelos brancos, principalmente o sarampo, quase dizimaram o povo, que habita a divisa entre Rondônia e Mato Grosso.

Outro momento difícil para a família foi em maio. A mãe da jovem, a indigenista Ivaneide Cardozo, 62, passou a receber ligações com ameaças de morte por conta de denúncias contra invasores da Terra Indígena (TI) Uru-Eu-Wau-Wau. Dois deles estiveram na sede da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, fundada e liderada por ela.

Na avaliação de uma organização dedicada a proteger a vida de lideranças na Amazônia, a sua vida corria sério risco. A contragosto, Neidinha, como é mais conhecida, se viu obrigada a deixar Rondônia, exílio que durou dois meses.

As invasões à TI Uru-Eu-Wau-Wau começaram em janeiro de 2019, em meio a promessas de Bolsonaro de reduzir terras indígenas. Nesse contexto de conflito, Ari Uru-Eu-Wau-Wau, 33, que atuava como guardião do território, acabou assassinado com golpes na cabeça, em 18 de abril de 2020. O caso até agora não foi solucionado pela Polícia Civil.

"Eu considerava o Ari como se fosse meu filho. Por isso que, quando ela fala que era seu amigo de infância, é por que eu o tratava como filho. Ela cresceu no meio deles", conta Neidinha, em entrevista por telefone, de Porto Velho (RO). "Foi muito legal ela ter se lembrado dele na fala para o mundo inteiro."

Em meio a todas essas adversidades, Txai Suruí, que cursa o último semestre de direito, criou, no início do ano, o Movimento da Juventude Indígena de Rondônia. Nestes poucos meses de existência, sua organização já conta com cerca de 1.700 jovens indígenas filiados.

Outra vitória para a família foi a eleição de Almir Suruí como cacique geral do seu povo, em setembro. Ele recebeu 518 votos, quase o dobro do seu principal adversário, o primo Henrique Suruí, ligado à exploração da madeira e do garimpo, atividades ilegais que têm dividido os paiter-suruís, povo com cerca de 1.400 pessoas, habitantes da TI Sete de Setembro.

Com décadas de militância em um dos estados com mais casos de violência rural do país, Neidinha encara a exposição da filha com um misto de orgulho e apreensão.

"A ameaça contra mim se estende a ela. Antes de ir à COP, ela foi com os uru-eu-wau-waus à área de invasão, fotografou, para denunciar o que estava vendo. E sei o quanto isso pesa em uma menina muito jovem. Eu comecei a militar muito jovem e sei os perrengues que ela vai passar, principalmente neste governo", afirma a indigenista.

Mas agora o momento é de comemoração: "Quando ela tinha seis anos, teve uma cerimônia grande, e o pai dela a colocou em cima de um tronco de árvore, os tios em volta dela, e o Almir a mostrando para a comunidade: ‘Minha filha vai ser uma grande líder’. Nunca tirei essa visão da minha cabeça."

"Fiquei tão orgulhosa de vê-la ali, defendendo o planeta, não só os povos indígenas. Eu sempre digo para os meus filhos, a gente luta pela humanidade. Deu muito orgulho de ver que as minhas palavras a marcaram. Fiquei muito emocionada."



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