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13 março 2022

A última orca em cativeiro do Seaquarium


OPINIÃO:
mais de 50 anos de prisão em uma psicina minúscula para entreter turistas inconscientes. Liberdade para Lolita! 
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O mundo mudou. Em alguns casos, para melhor. Antigamente, os grandes shows dos circos tinham como protagonistas animais selvagens ‘domados’ em cativeiro. Elefantes eram ensinados a plantarem bananeiras, entre outras, e deleitavam as crianças e muitos adultos. Os parques aquáticos viviam lotados para que o público delirasse com ‘shows’ de golfinhos saltadores, e orcas ‘domesticadas’. Aos poucos, conforme diminuíam mundo afora as áreas prístinas e seus ‘inquilinos’, estes espetáculos passaram a ser contestados. Agora é anunciado que a última orca em cativeiro do Seaquarium foi finalmente aposentada, depois de 50 anos de ‘shows’.

A última orca remanescente em cativeiro

O site www.columbian.com anunciou que ‘Em um movimento surpresa, a agência federal encarregada do bem-estar dos mamíferos marinhos em cativeiro desceu a cortina sobre Lolita, a última orca em cativeiro, uma atração de apresentações no Miami Seaquarium por mais de 50 anos. Resta saber se a medida do Departamento de Agricultura dos EUA aumenta o impulso para a libertação do animal’.

Importante destacar que a vida marinha, como sempre em tudo que é relacionado ao mar, foi a última a receber atenção. Mas agora começa a despertar a consciência mundial. Ainda recentemente mostramos que vários animais marinhos – incluindo polvos, lulas, caranguejos e lagostas – serão reconhecidos como seres sencientes (aqueles capazes de ter sentimentos bons ou ruins) como parte de uma nova lei proposta pelo governo do Reino Unido.

Agora, a derradeira orca em cativeiro teve a ajuda do Departamento de Agricultura dos EUA para ‘ser aposentada’. Não deixa de ser um alívio, ainda que tardio. Para se ter uma ideia desta demora saiba que desde 2014, por pressão de ambientalistas, algumas companhias aéreas se negaram a continuar transportando mamíferos marinhos que eram retirados de seus habitats e levados para parques temáticos. Foram precisos oito anos, entretanto, para que os últimos em cativeiro fossem deixados em paz.

Lolita, a ‘atração’ do Seaquarium

Lolita é um membro dos grupos  de orcas residentes  do sul que freqüentavam Puget Sound, uma enseada do oceano Pacífico na costa noroeste dos Estados Unidos. Ela foi capturada em Penn Cove, em agosto de 1970, como uma jovem baleia e vinha se apresentando no Seaquarium desde então. Ela é a única residente do sul sobrevivente da era da captura, que matou um terço das animais durante as viagens.

Segundo o site www.npr.org, ‘Um relatório de inspeção federal encontrou graves violações na forma como os mamíferos marinhos são tratados em uma das atrações mais antigas de Miami’.

Seaquarium é onde a série de TV Flipper foi filmada na década de 1960. Há 51 anos, sua atração principal é Lolita, uma das orcas mais antigas em cativeiro. O relatório federal levanta preocupações sobre a saúde do animal e renovou os pedidos para que ela seja realocada.

A luta foi longa

O www.npr.org diz que ‘Por uma década, grupos de direitos dos animais realizaram manifestações e entraram com ações judiciais buscando melhorar suas condições no Seaquarium. Membros da Nação Lummi buscaram sua libertação para suas águas nativas no noroeste do Pacífico’.

Lolita não está fazendo shows agora. O Miami Seaquarium diz que seu estádio de baleias está temporariamente fechado para reparos. Aos 56 anos, Lolita é considerada idosa para uma orca.  O animal  tem feito este show duas vezes por dia desde pouco depois de sua captura em 1970.

Manifestantes e mensagens sobre captura de animais selvagens

Mas todos os domingos, do lado de fora da entrada do Seaquarium, os manifestantes traziam uma mensagem diferente sobre a captura de animais selvagens. Por décadas, as reclamações sobre os cuidados de Lolita se concentraram em uma única grande preocupação – o tamanho de seu tanque. Tem pouco mais de 25 metros de comprimento, 6,5 metros de profundidade e apenas 10 metros de largura.

Naomi Rose, cientista de mamíferos marinhos do Animal Welfare Institute, um grupo de defesa em Washington, foi ouvida pela site: “Dez metros de largura”, exclama Naomi Rose. 

“Ela tem 6 metros de comprimento. E mora lá há 50 anos! Durante anos, ela diz que os esforços para melhorar as condições de Lolita no Miami Seaquarium ganharam pouca força, em grande parte porque a empresa proprietária de Lolita, seus treinadores e veterinários estavam prestando os devidos cuidados.

Relatório do Departamento de Agricultura dos EUA

Um relatório do Departamento de Agricultura dos EUA divulgado no mês passado mostrou que pode não ser mais o caso. O documento de 17 páginas detalha dezenas de problemas: questões “críticas” com as piscinas e recintos para golfinhos, focas e orcas; má qualidade da água e sombra inadequada para os animais. Os inspetores disseram que os golfinhos foram feridos e alguns morreram porque animais incompatíveis eram frequentemente alojados juntos.

Comida podre para os animais

Para Rose, talvez a descoberta mais surpreendente do relatório seja que o Seaquarium alimentou deliberadamente Lolita e outros animais com peixes que estavam estragando. “Eles alimentaram os animais com peixes podres contra o conselho de seu veterinário. O veterinário deles alertava que ‘Este peixe cheira mal, não dê aos animais.’ E eles fizeram de qualquer maneira.” De acordo com o relatório do USDA, o exame de sangue de Lolita mostrou inflamação após oito dias comendo o peixe ruim.

O relatório sobre maus-tratos

O relatório diz que os treinadores de Lolita continuaram a ignorar as objeções do veterinário do Seaquarium. Eles reduziram a quantidade de peixe que a orca recebia por dia em 30 libras. E, apesar de uma lesão, eles continuaram a fazê-la realizar saltos de cabeça.

O Seaquarium não disponibilizou ninguém para uma entrevista à NPR. Em um comunicado, disse que está “dedicado a oferecer o melhor atendimento a todos os nossos animais” e está trabalhando com o USDA em questões identificadas no relatório.

Do lado de fora do Seaquarium, no domingo passado, o manifestante Thomas Copeland estava cético de que o novo proprietário será capaz de fazer melhorias significativas nas condições em que Lolita vive há mais de 50 anos. Ele diz: “Você não pode colocar uma orca em cativeiro onde é um ambiente que é grande o suficiente para corresponder ao que ela vê na natureza. Eles nadam centenas de quilômetros em um dia, mas não podem fazer isso aqui em um tanque que é de apenas 6,5 metros de profundidade em seu ponto mais profundo.”

A esperança dos defensores de animais

Os defensores esperam que, dadas as conclusões do relatório de inspeção do USDA, o governo federal apoie a realocação de Lolita. Existem planos em andamento na costa oeste e no Canadá para construir cercados marítimos que um dia poderão fornecer um santuário protegido para orcas em cativeiro.




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