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22 maio 2022

Loba-guará atropelada recebe alta após quase 2 meses de internação em Uberaba (MG)


OPINIÃO:
o caso da querida Manu é um triste exemplo de como a devastação da natureza impulsiona os animais a migrarem para áreas ocupadadas por seres humanos, onde podem ser atropelados. Nossa fauna está ameaçada!
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Após 55 dias lutando contra a vida, Manu, uma loba-guará adulta atropelada no início de março, voltou à natureza. O animal foi socorrido na BR-190, próximo a Uberaba, e levado até o Hospital Veterinário de Uberaba (HVU) por voluntários, onde passou por intenso tratamento. De acordo com informações da unidade, ela chegou com uma fratura na mandíbula e uma lesão grave na cabeça. Durante alguns dias, ela também ficou com a visão completamente comprometida. Agora recuperada, a bichinha foi encaminhada para o criadouro científico de fauna silvestre da CBMM, em Araxá.

Tratamento delicado

Conforme os especialistas que atenderam e cuidaram de Manu durante todo o tempo de internação, a loba-guará chegou com quadro de saúde delicado e precisou ser internada em uma espécie de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de humanos.

"O trauma cranioencefálico aumenta muito a concentração de CO2, e o animal precisa ficar no oxigênio. A cabeça normalmente tem que ficar numa posição de 30 graus para diminuir a pressão intercraniana, e o paciente precisa ser constantemente monitorado. Durante o trauma, ela teve um quadro de pneumotórax e foi necessário fazermos a drenagem no tórax. Ela também teve fraturas na boca, o que dificultava a alimentação. Ela não tinha consciência, então tivemos que instituir medicamentos anticonvulsivantes, porque a pressão intracraniana aumentada poderia aumentar a chance de convulsões, além de analgésicos por conta da dor e medicamentos para diminuir aquela pressão", explica Ananda Neves Teodoro, professora de anestesiologia e intensivismo do HVU.

Durante as duas primeiras semanas, a paciente se alimentou através de uma sonda, instalada no esôfago. Além disso, com o impacto do acidente, também perdeu a visão – recuperada aos poucos. Os primeiros passos do mamífero foram dados aproximadamente 20 dias depois.

“Conseguimos melhorar o tórax, ela não apresentou mais o quadro de pneumotórax, e a parte de contusão pulmonar melhorou muito. Ela havia perdido a visão devido ao trauma, mas não foi permanente, e, com os exames, percebemos que ela recuperou 100%”, avalia a especialista.
De acordo com a HVU, a loba foi apelidada pela equipe de Manu, pois em africano esse nome significa segundo filho, que é como os veterinários passaram a considerá-la.

No criadouro científico de fauna silvestre da CBMM, em Araxá, que é centro de referência para cuidados especiais com lobos-guará e outros animais ameaçados de extinção, a recém-recuperada estará no convívio com outras 108 espécies de animais. O local também é pioneiro na reprodução dos lobos-guará, com 68 filhotes nascidos desde 1990.

Acasalamento dos lobos-guarás no outono

O atropelamento de Manu não foi o único na região nos últimos meses. Em abril, o g1 destacou o aumento das ocorrências deste tipo no Triângulo Mineiro. A explicação tem relação ao período de acasalamento dos lobos-guarás, momento em que os machos procuram pelas fêmeas, o que pode contribuir para que os animais circulem mais pelas rodovias.

Por isso, os cuidados devem ser redobrados nas estradas que cortam a região. A orientação é que os motoristas fiquem atentos na direção, principalmente no período noturno.

"Os lobos-guarás são animais noturnos. Pedimos que tenham muita atenção no momento de anoitecer e quem dirige à noite, porque pode ser que encontre um lobo atravessando a estrada. A luz alta faz com que eles fiquem parados e sejam atropelados", explica o médico veterinário Claudio Yudi.

Fonte: G1 

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