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Foi publicado, na revista científica Science, o que já é considerado o mais amplo estudo sobre envelhecimento na natureza. Pesquisadores mapearam a genética de animais de sangue frio -como répteis e anfíbios- para entender sobre a longevidade das mais diferentes espécies, uma vez que muitas delas vivem por mais de um século.
Os 114 cientistas que participaram da pesquisa em diversos países chegaram ao consenso de que traços físicos, como casco, e químicos, como mordida venenosa, estão ligados ao envelhecimento lento ou insignificante dessas espécies. É o caso de algumas tartarugas, por exemplo, que chegam a viver 200 anos.
"Esses vários mecanismos de proteção podem reduzir as taxas de mortalidade dos animais dentro de gerações", disse a bióloga evolutiva Beth Reinke, da Universidade do Nordeste de Illinois, ao portal Science Daily. "Assim, eles são mais propensos a viver mais, e isso pode mudar a paisagem de seleção entre gerações para a evolução do envelhecimento mais lento”.
Os cientistas também destacaram que, dos 30 animais com registro de vida por mais de 100 anos, 26 deles são seres ectotérmicos. Diferente dos endotérmicos, eles não são capazes de autoajustar a temperatura corporal, sem necessidade de agentes externos, o que está atrelado ao metabolismo lento.
“Controlando a história evolutiva e o tamanho do corpo, os ectotérmicos apresentam uma maior diversidade de taxas de envelhecimento em comparação com os endotérmicos e incluem evidências genéticas difundidas de envelhecimento insignificante”, ressalta o documento.
O grupo ainda identificou o envelhecimento insignificante em pelo menos uma espécie de cada grupo pesquisado, entre sapos, crocodilos e tartarugas. Nesse caso, os animais permaneciam com a mesma probabilidade de morte ao passar do tempo, sendo 1% aos 10 anos de idade e a mesma taxa aos 100 anos, caso ainda estivessem vivos.
“Em contraste, o risco de mulheres adultas dos Estados Unidos morrerem em um ano é de cerca de 1 em 2.500 aos 10 anos, e 1 em 24 aos 80 anos. Quando uma espécie apresenta senescência insignificante [deterioração], o envelhecimento simplesmente não acontece”, ressalta David Miller, professor de ecologia populacional e autor sênior.
Luz para humanos
Os cientistas dizem que estas e outras descobertas devem abrir caminho para o entendimento também do tempo de vida do ser humano. Isso porque estudos biomédicos sobre o corpo humano podem surgir a partir dos dados mapeados nesses bichos.
“Se pudermos entender o que permite que alguns animais envelheçam mais lentamente, podemos entender melhor o envelhecimento em humanos, e também podemos informar estratégias de conservação para répteis e anfíbios, muitos dos quais estão ameaçados”, afirmou o professor David Miller
Fonte: Época
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