OPINIÃO: Fui ver o estudo e fiquei encantada. A "Revista Global Ecology and Conservation (GECCO) é uma revista científica internacional de acesso aberto nas disciplinas de ecologia e biologia da conservação. A revista publica artigos abrangendo uma ampla gama de campos que contribuem para a ecologia e conservação de ambientes terrestres, marinhos ou de água doce…" . Fiquei fã de carteirinha com o periódico. É em inglês, mas, lasca o Google que dá muito certo. A pesquisa foi feita por brasileiros a quem parabenizo pela qualidade. Muito mais completa que o artigo do G1 abaixo.
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Estudo mapeou 411 vídeos de violência contra mais de 96 espécies de animais de 39 países.
Um estudo publicado neste mês na revista Biological Conservation mostrou que a violência contra animais tem sido usada como prática de entretenimento nas redes sociais, gerando, inclusive, lucro.
Segundo ele, criadores de conteúdo digital lucraram, entre abril de 2022 e agosto de 2023, cerca de US$ 1,14 milhão - R$ 5,7 milhões - com abusos contra animais em vídeos patrocinados.
Como metodologia, foram mapeados mais de 50 horas de 411 vídeos de abusos contra animais no YouTube em 39 países. Liderado pelo biólogo Antonio Carvalho, do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), em parceria com a pesquisadora também do INMA Thamyrys Souza, a pesquisa identificou vídeos que somam mais de 880 milhões de visualizações.
Animais de mais de 96 espécies aparecem sendo maltratados nos vídeos analisados. Além de gatos e cachorros, 68 das espécies são de animais silvestres como botos-cor-de-rosa, capivaras, tigres, tartarugas, peixes, macacos e sapos.
Distribuição dos conteúdos por categoria de sofrimento animal (%)
Dados coletados de 411 vídeos, entre abril de 2022 e agosto de 2023.
- Experimentos de caça-pesca: 5,8
- Esmagamento de animais: 0,7
- Abate cruel: 29,7
- Lutas de animais: 10,5
- Cozinhar ou comer animais vivos: 19,5
- Resgates encenados: 9,2
- Turismo de selfies: 11,1
- Vida selvagem como animais de estimação: 13,4
Alguns constam na lista de espécies vulneráveis ou criticamente ameaçadas de extinção, caso do boto cor-de-rosa (Inia geoffrensis), cujo habitat é a região amazônica.
Cerca de 65 espécies que aparecem nos vídeos são alvo de comércio internacional de animais e protegidas pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Silvestres Ameaçadas da Fauna e da Flora (CITES), acordo internacional entre governos que visa garantir que o comércio internacional de espécimes de animais e plantas silvestres não ameace sua sobrevivência.
A equipe classificou as cenas de crueldade e as espécies de animais envolvidas, checando seus status de conservação na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional Para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
Foram mapeadas oito categorias de maus tratos no estudo: experimentos de caça-pesca (HFE), esmagamento de animais, abate cruel, lutas de animais, cozinhar ou comer animais vivos, resgates encenados, selfies e vida selvagem como animais de estimação .
Segundo Carvalho, em alguns vídeos, os produtores de conteúdo incentivam crianças a maltratar animais, com experiências envolvendo sal em sapos e a destruição de ninhos de vespas. “É perturbador saber que alguns adultos estão dispostos a incentivar a violência em seus próprios filhos para ganharem curtidas e seguidores”, lamenta.
Dos 411 vídeos analisados, somente 17% foram removidos do YouTube, de acordo com o artigo. A categoria mais derrubada pela plataforma foi a de resgates encenados e a que teve menos remoções foi a cozinhar ou comer animais vivos.
Visualizações e curtidas por categoria de maus tratos — Foto: Profiting from cruelty
Anunciantes
Os pesquisadores também analisaram o nível de engajamento e o tipo de anunciante dos conteúdos. Com uso de uma ferramenta que calcula valor de marketing para influenciadores, foi feita uma estimativa da monetização em dólares gerada pelas visualizações do material.
A categoria de conteúdo que mais gerou monetização foi a de vídeos de uso de animais silvestres como pets, que somam lucro de cerca de US$ 730 mil - R$ 3,6 milhões. Assim como as selfies, a categoria foi classificada como prática de sofrimento oculto.
Foram identificadas, também, mais de 155 empresas anunciantes nos vídeos – algumas com histórico relacionado a campanhas eco e pet-friendly. “Muitas empresas anunciantes conhecidas pelo compromisso com a sustentabilidade estão alheias à conexão de sua imagem com vídeos de crueldade com animais”, relata Thamyrys.
O que fazer
Para ajudar na redução desses conteúdos, Antonio orienta as pessoas a denunciar as publicações dentro das plataformas digitais e, se possível, fazer a denúncia - anônima ou identificada - na seção de promotoria de Justiça do site do Ministério Público, responsável no estado do denunciante.
"A gente tem que ficar atento, não seguir, não dar like, não ficar enviando esse tipo de vídeo para nossas contatos, senão você acaba monetizando esses canais, dando visibilidade para essas pessoas propagarem essas atividades e influenciarem outras pessoas a fazer o mesmo ou pior", orienta Antonio Carvalho.
Distribuição de grupos animais por tipo de conteúdo — Foto: Profiting from cruelty
Fonte: G1 - Por Giovanna Adelle, Terra da Gente
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Estudo original
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