OPINIÃO: uma tragédia anunciada há anos que comprova como os interesses econômicos se sobrepõem à proteção da natureza, dos animais e do bem-estar humano. “Somente quando for cortada a última árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, que as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro.” (Provérbio Indígena)
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Por Redação, do Um Só Planeta
Considerado a maior planície úmida do mundo, o Pantanal enfrenta mais uma onda de incêndios florestais preocupantes. Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da UFRJ apontam que as áreas queimadas nos cinco primeiros meses de 2024 passam de 332 mil hectares, 39% mais do que foi atingido em 2020 durante o mesmo período, o que indica que o bioma pode caminhar para um ano de chamas recordes.
O desmatamento do Pantanal, impulsionado pela expansão agrícola, períodos de seca mais intensa, e a redução das áreas de rios e lagos da região contribuem para o cenário incendiário. Problema que têm se acentuado há mais de uma década e modificado o clima local, com queimadas começando cada vez mais cedo e terminando mais tarde. Levantamento inédito do Mapbiomas divulgado nesta terça-feira mostra que quase 60% das terras e matas do pantanal já queimaram ao menos uma vez em 39 anos.
O bioma é o que mais queimou proporcionalmente em relação à sua área: foram 9 milhões de hectares, exatamente 59,2% do Pantanal. Apenas em 2023 foram mais de 600 mil hectares queimados, 97% dos quais ocorreram entre setembro e dezembro. Os incêndios florestais podem ser intensificados por eventos climáticos atípicos, como o fenômeno El Niño, que incidiu fortemente na região desde o ano passado, aumentando a temperatura por lá.
Outro agravante é o manejo inadequado da vegetação local. "O pantanal tem campos nativos onde pessoas manejam os campos com fogo. O manejo acontece em épocas não tão propícias. Você não deveria queimar uma área de campo nativos no auge da seca, pois você corre um risco muito grande de sair do controle e queimar o que você não quer. Mas isso acontece", afirma Ane Alencar, diretora de ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), que destaca a importância de um processo de prevenção e conscientização.
E ainda nem entramos nos períodos mais críticos de seca, entre julho e outubro, que também são acompanhados de mais queimadas. Direta ou indiretamente, o mão do homem tem "brincado" com fogo. Daniel Silva, especialista de Conservação do WWF-Brasil, reforça que o bioma tem tido aumento da incidência de queimadas por causa da seca, mas além disso, a alta do desmatamento dos últimos anos também contribui para o agravamento do cenário.
"As queimadas no Pantanal e no Cerrado costumam ocorrer mais em áreas de vegetação nativa, na qual o fogo pode espalhar mais e onde existem espécies adaptadas ao fogo. Porém, apesar do fogo fazer parte da ecologia desses biomas, o aumento da recorrência e da área queimada em vegetação nativa são sinais preocupantes", diz. O desmatamento no Cerrado, bioma crítico para segurança hídrica do país, também tem afetado a vazão dos rios e lagos do Pantanal.
Fonte: Um Só Planeta
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