Pena que aqui não está acontecendo o fenômeno americano. Confira aqui.
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Doações que mantêm os locais abertos minguaram e, em alguns casos, o abandono cresceu e as adoções diminuíram. RJ tem 12 mil animais aguardando um lar. Por Cristina Boeckel, G1 Rio - Ao lado, a cachorrinha Estrela, da ONG Quatro Patinhas — Foto: Affonso Andrade
Se a quarentena fez os abrigos de animais serem esvaziados nos Estados Unidos, no Rio de Janeiro, os protetores contam que a situação é contrária. As doações que mantêm os locais abertos minguaram e, em alguns casos, o abandono cresceu e as adoções diminuíram. No Estado do Rio de Janeiro, 12 mil animais aguardam por um lar, de acordo com levantamento do Instituto Pet Brasil com abrigos.
Os responsáveis de todos os abrigos consultados pelo G1 afirmaram que as doações, parte importante da receita que é usada para a compra de alimento e para auxiliar os animais em caso de alguma emergência de saúde, por exemplo, diminuiu consistentemente. “Em relação à perda de associados mensais, cerca de 52% deixaram de pagar”, afirmou Christianne Duarte, fundadora e presidente da Associação Quatro Patinhas, que cuida de cerca de 700 animais.
Ela teme não conseguir comprar alimentos e lamenta não poder auxiliar mais animais abandonados. “Com essa situação financeira, não conseguimos ajudar outros, resgatar animais que estão nas ruas e conseguir lares para os que estão, por exemplo, em colônias nas ruas, que a gente alimenta. Não temos como assumir este compromisso”, afirmou Duarte.
Suípa também teve queda na receita
A Suipa, ONG existente há 77 anos, também viu as receitas diminuírem. A organização, que sustenta 3 mil animais exclusivamente com a ajuda dos associados, costuma ter uma média de adoções mensais de 40 animais. Em março, apenas 15 deles ganharam um novo lar.
Com a pandemia, a ONG viu as doações em dinheiro serem reduzidas. Além disso, não pode fazer o trabalho itinerante de adoções e recebimento de doações. “Nos eventos de rua, muitas pessoas doam ração e jornal, material hospitalar e medicação. A gente está realmente vivendo uma crise difícil”, explicou Sílvia Rocha, diretora social da ONG.
Manter a Suipa não é barato. A ONG conta com a sede, na Zona Norte do Rio, e um santuário em Itaboraí, onde ficam os animais de grande porte. Apenas os cães consomem uma tonelada de ração por dia. “Cada saquinho de 15 kg faz diferença para a gente”, destacou.
Campanhas
Bebete Filpi coordena dos abrigos em Teresópolis, na Região Serrana do RJ que, juntos, dão lar para cerca de mil animais. Ela conta que a situação é limite. “A gente tem ração até a próxima terça-feira”, explicou.
Alguns dos animais cuidados por ela são sobreviventes das fortes chuvas que causaram destruição em 2011. Os abrigos contam com oito funcionários. “As doações caíram mais de 50%, muita gente manda mensagem dizendo que não pode contribuir porque são pessoas autônomas e a renda diminuiu”, destacou Bebete.
Campanhas em redes sociais tentam minimizar as dificuldades financeiras dos abrigos, mas ainda não há uma resposta significativa.
Cão em abrigo do Grupo Estimação, em Teresópolis, na
Região Serrana do RJ — Foto: Reprodução/
Falta de informação
A falta de informação também atrapalha o trabalho das ONGs e dos protetores de animais. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) não há evidência significativa de que animais de estimação possam ficar doentes ou transmitir a Covid-19.
“O abandono aumentou. Tem gente que teme, achando que os animais possam transmitir a Covid-19, outros alegam a situação financeira”, afirmou Silvia.
As autoridades de saúde recomendam medidas básicas de higiene ao manusear e cuidar de animais - em todas as situações, não só durante a pandemia de coronavírus. Isso inclui lavar as mãos antes e depois de tocar nos animais, alimentos, suas fezes ou urina. Além disso, o tutor deve evitar beijar, lamber ou compartilhar alimentos com seus pets.
A advogada Sofia Gilda Wajnsztok é voluntária da Suipa e redobrou os cuidados. Todos os animais que já adotou vieram do abrigo. A última delas é a cachorrinha Sorriso, que faz companhia para Ladja, uma cadela mais velha. “A Sorriso me trouxe esperança, carinho, reconhecimento”, ressaltou Sofia.
Sofia e a cachorrinha Sorriso, adotada
na Suipa — Foto: Sofia Gilda Wajnsztok
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