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17 julho 2021

Avanço do desmatamento no Brasil é sinal de alerta no Dia de Proteção às Florestas


OPINIÃO:
a verdade é que o Brasil não tem nada a celebrar. Registramos os maiores índices de desmatamento da história. Diariamente, vemos apenas notícias ruins. Animais incendiados em queimadas, Amazônia liberando mais gás carbônico do que oxigênio. Nossas florestas choram! Estão em chamas! Hoje não é dia de comemoração, é dia de pesar e reflexão! 

Neste sábado (17/7), o Brasil celebra o Dia de Proteção às Florestas em meio à alta nos índices de desmatamento. Segundo dados do Relatório Anual do Desmatamento, elaborado pelo projeto MapBiomas, 13,8 mil quilômetros quadrados foram desmatados no país em 2020, 99% de forma ilegal.

O crescimento é de 14% em comparação a 2019. O relatório ainda mostra que o desmatamento cresceu em todos os biomas, sendo a Amazônia (60%) e o Cerrado (31%) as regiões com maior percentual de áreas desmatadas. Caatinga (4,4%), Mata Atlântica (1,1%), Pantanal (1,1%) e Pampa (0,1%) também sofreram no último ano.

Para Cecília Herzog, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), professora e pesquisadora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a importância das florestas pode ser considerada por diferentes ângulos, desde o nível macro, por sua relação direta com as mudanças climáticas, até no aspecto regional ou local, observado na saúde e qualidade de vida da população nos centros urbanos.

“As florestas nos fornecem serviços ecossistêmicos de valor inestimável. Desde a regulação do clima e das chuvas necessárias para garantir as atividades econômicas diversas, como a agricultura, passando pelo fornecimento de água e energia para a população, até a sensação de bem-estar que a natureza proporciona, mesmo por meio de ilhas verdes nas selvas de pedras”, ressalta a pesquisadora.

A professora observa que o Dia de Proteção às Florestas deve ser encarado como um alerta para a sociedade brasileira. “Vivemos um momento de enorme gravidade, com ameaças à natureza em todos os nossos biomas e a possibilidade de perda irreversível não apenas para o Brasil, mas para toda a humanidade. Precisamos entender que o desmatamento nos diz respeito mesmo que estejamos a milhares de quilômetros da Amazônia, pois já sentimos o desequilíbrio do clima por causa da destruição das florestas e, infelizmente, isso tende a piorar se não revertermos esse ciclo de degradação”, salienta Cecília.

A especialista faz questão de destacar também os serviços ecossistêmicos fornecidos pela natureza em áreas urbanas, chamando a atenção para a necessidade de conservar espaços verdes e reflorestar áreas dentro das cidades e do seu entorno.

“Florestas em regiões urbanizadas, parques e corredores verdes preservam a vida de muitas espécies, inclusive a humana, reduzem ilhas de calor, garantem captação de água, contribuem para uma redução do impacto de enchentes, melhoram a qualidade do ar, reduzem ruídos e ainda proporcionam serviços ecossistêmicos culturais, favorecendo atividades ligadas ao lazer, ao bem-estar e à qualidade de vida, como ciclismo, caminhadas, entre outras”, explica.

O impacto às florestas também traz eleva a pressão sobre o agronegócio, em especial sobre a pecuária, apontada como uma das principais causas para o desmatamento. 

“80% do desmatamento no Brasil é causado pela pecuária para a abertura de pastos, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas). Ou seja, a pecuária é, de longe, a principal causa da destruição das nossas florestas”, destaca Isabel Siano, da Million Dollar Vegan, ONG que estimula a adoção de um estilo de vida baseado em vegetais.

Vania Plaza Nunes, médica veterinária e diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, alerta que plantar mais árvores é preciso, mas com critério, porque existe uma intrincada relação entre centenas e milhares de formas de vida em cada fragmento florestal.


“É preciso equilíbrio das espécies plantadas com as espécies animais que existem no local. A relação íntima que existe entre a floresta, a mata e toda forma de vida que existe ali dentro é o que suporta e sustenta toda a vida humana. Se tivéssemos de fato essa dimensão, com certeza estaríamos tendo mais responsabilidade e respeito para preservar o verde, que é o que a gente vê, e toda a forma de vida que a gente não vê", destaca.

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