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21 julho 2021

Por que ratos são usados como cobaias em pesquisas científicas?


OPINIÃO:
já foi comprovado cientificamente que testes realizados em animais não são seguros em humanos em razão da diferença fisiológica. Ratos são escolhidos pura e simplesmente por serem um animal que se reproduz rapidamente e pela facilidade de manejo. Países atentos às novas demandas sociais e que investem fortemente na ciência já criaram métodos substitutivos que dispensam a exploração de animais em testes. 

Diversos estudos científicos, principalmente os que são relacionados à área da saúde, precisam testar sua metodologia em animais antes mesmo de chegar aos humanos. Você já deve ter percebido, inclusive, que a maioria das escolhas são ratos, certo?

Mas você já parou para pensar no motivo de os roedores serem os escolhidos? Para sanar essa dúvida e mais algumas, conversamos com Juliana Nascimento, biomédica especialista em vacina e biofármacos pelo Instituto Butantan e mestranda em biotecnologia pela USP (Universidade de São Paulo).

Por que ratos?

A primeira dúvida que temos em relação aos testes com ratos é o motivo de eles serem os escolhidos. Nascimento conta que isso acontece porque existem semelhanças genéticas entre humanos e roedores, e também porque as fêmeas procriam muito rápido. "Então, quando um determinado grupo de pesquisa solicita um grupo de roedores para o biotério, ele não precisará esperar muito, pois as fêmeas sempre estão dando crias", explica a biomédica. Ela diz ainda que por serem animais de porte pequeno eles ocupam menos espaço e que a criação é de baixo custo.

Em relação às semelhanças, a biomédica explica que o genoma humano é composto por 30 mil genes, assim como o dos roedores. A descoberta aconteceu em 1990 através do projeto Genoma Humano, e o que nos diferencia desses animais são aproximadamente 300 genes, apenas.

Ética

O uso de animais em testes é algo que é questionado em relação à ética, mas existem diversas espécies liberadas pelo Comitê de Ética Animal, como cães, gatos e outros mamíferos. Nascimento diz que estudos já mostraram que os gatos são um ótimo modelo animal para avaliar as vacinas contra a COVID-19, uma vez que o sistema imunológico dos felinos responde bem à infecção por vírus do tipo.

"Macacos, coelhos, porcos e porquinho-da-índia também são tipos de mamíferos usados em experimentação animal", explica a especialista. "Mais de um modelo animal pode ser usado em um projeto. Geralmente as pesquisas começam em células, depois em animais de porte pequeno e depois em animais de porte maior", completa.

Importância dos animais na ciência

Afinal, por que precisamos fazer testes em animais? A reposta pode ser óbvia, mas a biomédica explica que os testes são feitos em animais justamente por uma questão ética. Os experimentos com bichos acontece ainda na fase pré-clínica, e antes disso são feitos em células in vitro. Caso o resultado seja positivo, é hora de testar em animais e depois em humanos, o que seria o teste de fase 1.

"Se os testes falham em qualquer uma das etapas, as próximas etapas não acontecerão. Então, os testes em células funcionam para que animais não sejam utilizados sem a real necessidade, e os testes em animais funcionam para que humanos não corram riscos de saúde", esclarece Juliana.

E a causa animal?

Quando se fala em testes realizados em animais, logo pensamos na questão de proteção animal, com diversas causas ainda se opondo à prática. Mesmo com toda a evolução tecnológica que existe hoje nos laboratórios, os testes ainda precisam ser feitos, e Nascimento explica o motivo.

Ela conta, primeiramente, que muitos métodos alternativos já foram criados para diminuir a prática. Alguns casos, inclusive, como na área de cosméticos, não é mais necessário o uso de animais, pois os testes in vitro já são suficientes para revelar se tal produto traz risco aos humanos. Porém, na pesquisa de fármacos, vacinas e doença ainda não é possível dispensar os animais.

"Ainda precisamos entender como determinada substância funciona no organismo como um todo, por exemplo, ou como o organismo funciona quando é infectado por dois patógenos ao mesmo tempo", explica a biomédica, ressaltando ainda que o comitê de ética animal preza pelo bem-estar daqueles que serão testados, evitando que sintam frio, fome, dor, entre outros sofrimentos. "Também existem vários estudos que nos mostram como melhorar o ambiente em que esses animais vivem, pensando sempre no bem-estar deles", completa.

Quais respostas os testes trazem?

Pedimos para que Juliana Nascimento nos desse um exemplo de como, na prática, os testes em animais trazem respostas importantes. A biomédica explica que fez parte de um grupo de pesquisas que estuda compostos naturais para o tratamento da diabetes mellitus do tipo II.

"Induzimos a doença nos roedores e administramos o nosso tratamento com compostos naturais para ver se eles seriam eficazes ou não para reduzir o índice glicêmico no sangue dos roedores", exemplifica. "Tivemos resultados muito positivos nesses estudos e posteriormente começamos a estudar o efeito dos nossos compostos no tratamento de tumores. Seguindo a mesma linha, induzíamos os tumores nos animais, e depois administramos nossos compostos para estudar os efeitos", diz a biomédica.

Sendo assim, o objetivo dos testes é entender como as doenças avançam e se desenvolvem, como uma vacina ou medicamento irá agir no organismo, sendo eficaz para combater uma doença ou se pode ser tóxica. As pesquisas também informam a melhor dosagem a ser utilizada, entre outros fatores importantes.

"Animais são usados em pesquisas de infecções virais e bacterianas, doenças respiratórias como asma, doenças como ansiedade, depressão e autismo, entre outras", completa.

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