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15 setembro 2021

Queimadas podem causar desequilíbrio ambiental e levar animais silvestres à extinção a longo prazo, diz bióloga


OPINIÃO:
nossa, quanta sapiência, ein! Estudos e conclusões que apontem os danos não faltam, precisamos é de estudo que ajudem a evitar novas tragédias!
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O Sul de Minas já registou mais de 2,4 mil ocorrências de incêndios florestais de janeiro a julho deste ano. Após cada queimada, novos prejuízos ambientais. Enquanto alguns animais estão morrendo, outros estão migrando para o ambiente urbano por falta de alimentos em seu habitat natural. Isto mostra um desiquilíbrio ambiental que, a longo prazo, pode levar estes animais à extinção.

'Imprudência do homem', diz tenente do Corpo de Bombeiros sobre queimadas no Sul de Minas
O período mais intenso de queimadas no Sul de Minas, segundo o Corpo de Bombeiros, é de julho a setembro. O G1 conversou com a bióloga, Ana Bárbara Barros sobre o impacto das queimadas. Segundo ela, os incêndios prejudicam o ambiente de uma forma geral, sejam os humanos, a fauna ou a flora.

Ainda de acordo com Ana Bárbara, incêndios naturais são raros, a maioria dos que estão acontecendo na nossa região é criminoso.

“Incêndios naturais são mais raros. Eles acontecem quando caem raios e as fagulhas se espalham, atingindo a vegetação, por exemplo. Já os incêndios criminosos, eles começam geralmente em cinco pontos ao mesmo tempo e se espalham. Muitas vezes isso acontece durante a prática agropecuária. É uma cultura que vem crescendo nos últimos anos”, explicou.

A bióloga explicou que os incêndios atingem primeiramente os grandes mamíferos, como a puma, o lobo guará, o cachorro do mato, a jaguatirica, os macacos e primatas. Depois, as chamas atingem os animais rastejantes, como as cobras e lagartas.

Ainda de acordo com a bióloga, uma área de preservação permanente que for atingida pelas queimadas pode demorar até cem anos para ser reestabelecido. Isto impacta diretamente nos animais. A longo prazo, a morte destes animais pode levá-los a extinção.

“Se a população estiver isolada, for uma população de espécie rara e começar a apresentar questões importantes do meio ambiente. A extinção é um processo lento. Por exemplo, existem áreas dentro de unidade de conservação que têm recursos de água e que, após esse período de seca cada vez mais constante e de queimadas associadas, vão secar. Então para algumas espécies de anfíbios, por exemplo, localmente essa população não vai existir mais”, explicou.

Morte e migração de animais silvestres

Segundo a bióloga Ana Bárbara Barros, os incêndios podem atingir a fauna de duas formas: direta e indireta. A direta é quando os incêndios deixam os animais sem água ou derrubam seus ninhos. Já a forma indireta acontece quando, o ecossistema é alterado junto com as relações ecológicas que já existem no local, como por exemplo quando o animal não encontra sua presa e precisa buscar por alimentos em outros locais, como na área urbana ou até em rodovias.

Foi o que aconteceu com um ouriço cacheiro que a bióloga resgatou nas últimas semanas. Ele havia sido atropelado na rodovia e, provavelmente, fugia de seu habitat natural em busca de alimentos e de sobrevivência.

A mesma coisa aconteceu com o radialista Marco Aurélio Felito. Marco está acostumado a morar perto dos animais, em uma fazenda em Guaxupé (MG), mas, pela primeira vez, se deparou com um lobo guará no quintal de sua casa.

Naquele dia, a vegetação perto da fazenda estava tomada pelas chamas. Marco contou que já havia visto os animais outras vezes, mas dentro de sua casa foi a primeira vez. Foram duas noites e três dias de queimadas.

“No primeiro dia a gente conseguiu evitar que as chamas atingissem os animais, mas depois não foi possível. O filhote deles [dos lobos] morreu com a queimada. Muitas cobras e tatus também estão morrendo com o fogo. Fui nascido e criado lá na fazenda e nunca vi nada nessa proporção, presenciava queimadas por aqui, mas era pouco”, contou Marco Aurélio.

Segundo a bióloga, este contato da fauna pode trazer riscos para o ser humano, como por exemplo encontrar com o animal acuado.

“O contato direto com a fauna silvestre também traz o risco de doenças. Por exemplo, os macacos começam a vir perto das praças e as pessoas começam a alimentá-los, sem ter noção que há muitos patógenos que podem passar de animais silvestres para o ser humano e da mesma forma para os animais domésticos. Então existe a chance de passar patógenos que transitam entre esses grupos e o lobo pode levar estes patógenos para a mata e ou para o lugar que ele for solto. Assim como pode acontecer com o cachorro ou o ser humano”, explicou.

Tudo conectado

Em entrevista ao G1, a bióloga explicou que um incêndio que começa no Sul de Minas pode impactar diretamente na Amazônia. Mesmo que não percebemos, tudo está conectado. Para ela, é “desesperador” pensar nas queimadas no país.

“Existe um estudo recente que tem alguns parâmetros importantes de que, em alguns anos, a gente não tenha mais condição de resiliência e reestabelecimento de recursos de água como os lençóis freáticos, as fontes de água e as minas. Fora o desmatamento na Amazônia. Por exemplo, os rios voadores da Amazônia, que têm volume de água maior no céu do que em terra, são necessários para o controle climático da América do Sul e a gente está acabando com esse rio voador. Então, existe uma perspectiva muito triste de que o regime de chuvas na América do Sul seja alterado por causa das queimadas e a derrubada da Amazônia. E isso, causa impacto direto aqui”.

“O pantanal quando pega fogo a gente sente aqui em Minas Gerais. As pessoas precisam entender que está tudo conectado. Não é você queimar o seu lote aqui, que isso não vai interferir de uma forma geral para o clima ou microclima da região. É realmente um quadro desesperador a gente pensar nesse grau de desmatamento via queimadas no Brasil”.

Para a bióloga, a única forma de combater as queimadas criminosas é por meio da conscientização da população. Já com relação aos animais, existem alguns meios de minimizar os impactos das queimadas e evitar que estes animais sejam extintos, a longo prazo.

“É uma cultura e quando a gente começa a não ter sanções para determinadas ações, então isso acaba dando liberdade para que as pessoas se sintam a vontade para tomar essa iniciativa. Agora, em termos de ajudar os animais, as pessoas podem oferecer frutas e água em áreas próximas às unidades de preservação, pra que estes animais consigam se recuperar.

É uma prática muito paliativa frente aos desafios que temos de conscientização e educação contra essa cultura e prática que está dizimando os biomas brasileiros. Acho que precisa de exemplos, para que as pessoas tenham medo de impactar o meio ambiente desta forma, tão descontrolada”, finalizou.

Fonte: G1 

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