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21 setembro 2021

Voluntários retiram pelo menos três toneladas de lixo de praias e rios em um único dia


OPINIÃO:
seria bom se pudéssemos identificar a origem desse lixo e jogar no portão dessas pessoas. A raça humana é munda! 
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No calendário de setembro pelo menos um dia é dedicado à limpeza das praias e margens de rios. Neste ano, voluntários do Brasil inteiro se reuniram no sábado (18/09) para retirar o lixo que tanto prejudica a natureza.

Entre diversas ações realizadas ao longo do País para celebrar o 'Clean Up Day', a campanha "Ondas Limpas", organizada pela ONG Sea Shepherd Brasil, contou com 24 mutirões de limpeza em 10 estados do País. Mais de 270 pessoas participaram da ação e ajudaram na coleta de pelo menos três toneladas de lixo.

Deste total destacam-se 5.399 bitucas, 2.096 tampas de plástico e 115 petrechos de pesca perdidos ou quebrados, todos extremamente prejudiciais ao meio ambiente. "O lixo tem consequências trágicas para a vida marinha de diversas formas, desde o momento do descarte. Seja na água, no fundo do mar, areia ou vegetação, ele libera contaminantes químicos, se mistura ao alimento dos animais ou acaba se enroscando neles, impedindo-os de nadar e respirar", explica a coordenadora de educação da ONG, Giselle Reis.

"A curto prazo, ele pode ser letal quando engolido por um animal, que o confunde com seu alimento natural, e ao não ser expelido, acaba causando sérios problemas, como lesões em órgãos, obstruções, infecções, entre outros. O lixo ainda pode se acumular no estômago do animal, causando uma falsa sensação de saciedade, impedindo-o de comer, o que acaba levando-o à morte por inanição ou desnutrição", diz.

De acordo com a especialista, o descarte irregular do lixo nas praias e margens de rios também provoca problemas sérios a longo prazo. "Passam anos e o lixo continua sendo uma grande ameaça. No processo de degradação, substâncias químicas tóxicas são liberadas na água ou no interior dos animais, causando intoxicação, alterando crescimento, metabolismo e reprodução. Esses contaminantes na água também afetam o crescimento de algas e cianobactérias, organismos naturalmente presentes ali, gerando um acúmulo que torna a água muito turva e com níveis baixíssimos de oxigênio", diz

Ameaçados pelo lixo

Estimativas feitas pela Universidade de Plymouth indicam que quase 700 espécies de animais estão ameaçadas de extinção por motivos diretamente relacionados ao lixo marinho. "400 delas especificamente relacionadas ao emalhe em redes de pesca fantasma", explica a diretora de desenvolvimento da ONG, Nathalie Gil, que destaca alguns dos animais mais afetados.

"Seis das sete espécies de tartaruga do mundo estão em risco de extinção devido a ação humana. A tartaruga-verde (Chelonia mydas) talvez seja a espécie de tartaruga marinha mais prejudicada pela poluição e por lixo, pelo fato de se alimentar em áreas costeiras muitas vezes muito próximas a centros urbanos. É a espécie com maior ocorrência de fibropapilomatose, um tumor na pele causado pela poluição na água. Diversos estudos demonstram que quase 100% das tartarugas-verdes encontradas mortas tinham ingerido lixo", diz.

O contato entre lixo e os animais reflete em outro grande problema: o encalhe de grandes mamíferos marinhos, como as baleias. "Se tratam de animais que se alimentam de pequenos peixes e crustáceos através da filtração. Ou seja, com a boca aberta, ela segue nadando e vai capturando tudo o que vem pela frente para depois filtrá-los com suas barbatanas. Mas infelizmente, nesse processo acaba também engolindo o lixo flutuante na água", detalha Gil, que lembra ainda dos impactos da poluição nos corais. "Observou-se em estudo também de corais preferirem o consumo de microplástico, como uma fibra de roupas, do que um alimento orgânico, promovendo a sua morte".

Vilões do mar

A especialista e educadora ambiental, Giselle Reis, destaca o plástico com o grande vilão da vida marinha. "Segundo a ABRELEPE o plástico representa 70% do lixo marinho. Além disso, é o mais problemático porque nunca deixará de existir: o primeiro plástico já criado ainda existe em algum lugar do planeta. Nós usamos erroneamente o termo decomposição, pois o plástico não se decompõe, ele se degrada. Ou seja, ele se quebra em vários pedaços menores, se tornando micro e nanoplásticos capazes de se alojar nos tecidos de órgãos de animais e de humanos", diz.

Além dos resíduos plásticos, os materiais de pesca abandonados, perdidos ou descartados também provocam desequilíbrio. "Ao serem abandonados seguem com a função de armadilha por anos, arrastando tudo que interage com elas, matando indiscriminadamente animais que se enroscam e morrem afogados, enforcados ou por não conseguir respirar ou se alimentar. Além de tudo, por serem feitos de componentes do plástico eles continuarão causando estragos enquanto se degradam e se quebram em milhões de pedacinhos espalhados por todo o oceano", completa.

Lixo no Brasil

De acordo com estudos da Organização Mundial de Saúde, a região sudeste não é só a mais populosa do País, como também a mais poluidora. "É onde se encontra a cidade de São Paulo, que é a maior produtora de lixo do Brasil e também detêm o rio mais poluído do Brasil, o Tietê", comenta Giselle.

No entanto, mesmo fora da metrópole o lixo se faz presente. "Quando falamos de oceano não há fronteiras. É bem comum praias inóspitas estarem carregadas de resíduos, vindos de rios ou esgotos de regiões mais urbanas e trazidos pela correnteza, ou de regiões de outros países mesmo. De certa forma é uma realização muito importante perceber isso: de que estamos todos conectados, somos todos responsáveis, não tem maior ou menor culpado", explica.

Ajude como puder

Diante de tantos problemas causados pelo lixo nos oceanos e rios, as especialistas alertam sobre a necessidade de auxiliar na limpeza dessas áreas. "Os animais marinhos se encontram primordialmente nas costas, portanto, ao interceptar resíduos das praias não damos a chance de eles impactarem o mar nos lugares de maior riqueza de ecossistemas por séculos a fio. Os sistemas públicos de limpeza priorizam os resíduos de maior porte, deixando de lado grandes quantidades de resíduos que são mais desafiadores para serem coletados no dia a dia, como tampas de plástico, bitucas de cigarro ou microplásticos em geral", comenta Nathalie.

"Além disso, as limpezas promovem uma importante lição de conscientização, tanto para quem as pratica, quanto para as comunidades ao seu redor. Nós da Sea Shepherd fazemos questão de bater um papo de conscientização sobre o resíduo que coletamos e o momento da separação em si é sempre muito revelador para marinheiros de primeira viagem: percebemos que o lixo que coletamos muitas vezes não tem nada a ver com o consumo na praia", completa.

"Já realizamos limpezas de praia há mais de duas décadas, mas desde quando começamos a mensurar com mais afinco, em 2018, sabemos que mais de 16 toneladas de lixo foram retiradas dos sistemas hídricos até agora: em limpezas de praias e de fundo marinho, com mergulhadores, em nossa campanha Ondas Limpas", explica Giselle, que destaca os desafios das coletas no fundo do mar.

"De acordo com um estudo da Oceana, é estimado que 99% dos resíduos que chegam ao oceano são alojados em seu leito, e não retornam à superfície ou às praias. O lixo quando chega no leito marinho se incorpora ao ecossistema e gera incrustação de seres vivos que se alojam ali em busca de abrigo. Por isso nossos mergulhadores voluntários são treinados para ter um cuidado muito grande ao retirar lixo do fundo do mar, para não matar animais acidentalmente. Sem mencionar a dificuldade em retirar esse lixo devido ao peso e dificuldade de transporte, o que requer um equipamento especial, técnica e treinamento para lidar com condições adversas de mar e visibilidade", finaliza.

Fonte: G1 

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