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30 outubro 2021

Cão 'adota' igreja de São Francisco como lar após ser resgatado: 'ele é parte da comunidade'


OPINIÃO:
não há lugar mais apropriado para um anjo do que uma igreja! Parabéns a todos que acolheram esse doce cachorrinho.
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"Todas as coisas da criação são filhos do Pai e irmãos do homem. Deus quer que ajudemos aos animais, se necessitam de ajuda. Toda criatura em desgraça tem o mesmo direito a ser protegida".

A frase acima, atribuída a São Francisco de Assis, transmite as novas experiências vividas por um cão vira-lata resgatado por fiéis da paróquia do santo católico, em Boa Vista. Antes vagando pelas ruas da zona Norte da cidade, o cachorro Chiquinho encontrou um lar e uma família na igreja do padroeiro dos animais.

Batizado em homenagem ao santo, Chiquinho não teve uma vida fácil. Até três meses atrás, antes de ser resgatado, ele estava magro e debilitado por conta dos maus-tratos sofridos nas ruas. Hoje, com um pouco mais de peso, o cão virou o mascote da comunidade e está sempre presente nas missas e celebrações, com direito até uma roupinha do Super-Homem, o herói dos quadrinhos.

A tesoureira da paróquia, Adriana Lima, de 49 anos, foi quem alimentou Chiquinho primeiro e, desde então, tem sido a responsável por cuidar dele. Mas naquele momento inicial, ela só não esperava que o cãozinho ficaria por tanto tempo nas dependências das igreja.

"Não foi a gente que encontrou o Chiquinho, ele que chegou aqui na igreja e encontrou a gente. Ele chegou muito magro, era perceptível a fome que ele estava sentindo. Na mesma hora eu dei ração, fiz um carinho na cabeça dele e entrei na igreja, pois iria ter celebração. Depois de comer, ele entrou na igreja e ficou. Achava que ele iria embora, mas no outro dia, quando eu voltei, ele ainda estava na igreja pelo lado de fora, dormindo. Era de partir o coração ver ele assim", relata Adriana Lima.

Com o passar dos dias, Chiquinho acabou participando cada vez mais das programações na igreja. De acordo com Adriana, no início a comunidade estranhou a presença do cachorro, mas não demorou muito. Pouco depois, o carisma do vira-lata conquistou o coração de todos.

"Quando a igreja abre, todos os dias, ele entra e fica dentro, pois o chão é mais friozinho e agradável. Ele foi ficando e as pessoas achavam diferente um animal assistindo uma missa e quando eu vi, ele já era parte da comunidade".

"A comunidade aceita ele muito bem, é tanto que ele já está ficando mimado. Ele ganha presente, ração e todo mundo mima ele. Não é só o padre que tem que aceitar, é a comunidade também, e Chiquinho foi muito aceito. Todas as novenas ele faz parte", conta Adriana.

Frequentador assíduo das celebrações, Chiquinho passeia na igreja para receber carinho e já rendeu situações "inusitadas", como quando ele fez xixi na decoração do altar durante a missa.

"Recentemente, a gente colocou um jarrinho de planta para fazer uma decoração no altar. Ele foi lá, levantou a perninha na hora da missa e não teve muito o que fazer. Deixou a gente desesperado. Mas quando isso acontece, na mesma hora pagamos um pano para limpar e não acontecer nenhum acidente", relata a Adriana.

"São Francisco é o padroeiro dos animais, tanto que na entrada da igreja tem uma imagem do santo com um cachorro. Eu não sei o motivo do Chiquinho escolher aqui para morar. É como se ele tivesse pedido ajuda para São Francisco e a comunidade ajudou e atendeu o apelo".

Amputação da cauda

Há cerca de um mês, Chiquinho sofreu uma fratura na cauda e acabou tendo que amputá-la. Adriana conta que, como as vezes ele fica na área de fora da igreja, pode ter sido machucado por alguém.

"A gente não sabe o que aconteceu, mas ele teve uma fratura na cauda. A fratura foi se agravando muito, foi quando a gente levou ele para o veterinário, que constatou a questão dos maus-tratos. Ele fez uma cirurgia, depois outra e fez ultrassonografia para saber o que aconteceu".

As cirurgias, exames e os remédios, de acordo com Adriana, foram pagos por meio da campanha "Ajude o Chiquinho", que arrecadou o dinheiro. A adesão da comunidade foi tanta, que foi preciso pedir que parassem de doar quando a meta foi atingida.

"Chegamos a fazer um apelo nas redes sociais da igreja, pois até então, ele já estava com mais de meses aqui e já era parte da comunidade. Essa campanha arrecadou mais de R$ 3 mil em doações para ajudar o Chiquinho, que já está muito bem. Ele é tão querido, que a gente chegou a pedir para as pessoas pararem de doar quando atingimos a meta de depósitos".

"Nós não entendemos como que alguém teve a coragem de fazer uma fratura na cauda dele. Chiquinho ficava com o rabinho entre as pernas e eu não entendia. Pensei que era medo das pessoas, até o momento que ele começou a sangrar e precisou amputá-la. Ele ainda está se adaptando à essa realidade, pois a cauda é o equilíbrio do animal", conta Adriana.

Durante a recuperação de Chiquinho, que durou cerca de 15 dias, a ausência dele foi sentida por todos na igreja. Enquanto ficava na casa de Adriana, os fieis questionavam quando o cachorro iria voltar a frequentar as celebrações.

Andreia relata que o retorno de Chiquinho aos eventos da igreja foi um momento de felicidade, tanto para o cãozinho, quanto para a comunidade que acolheu o animal.

"Na primeira vez que eu o trouxe à igreja para passar o dia, depois de recuperado, ele faltou falar de tanta alegria. É como se sentisse que o trouxeram para a casa. A noite eu vinha buscá-lo, cuidava e dava todos os remédios e, de manhã, trazia para cá. Agora, ele já tirou os pontos, já está tudo bem e só resta perder o medo das pessoas, que ainda tem por consequência do que foi feito com ele".

Mas, para onde vai Chiquinho? Bom, esse futuro ainda é incerto. Segundo Adriana, tudo dependerá da decisão do padre responsável pela paróquia. Mas, para ela, o lugar do vira-lata é onde ele escolheu estar: na igreja, que leva o nome do padroeiro dos animais.

"Temos quatro famílias interessadas em adotar o Chiquinho, porém, é mais do que isso. Será que o Chiquinho quer sair daqui? Tem esse questionamento. Eu acho que se ele falasse, diria que não quer sair daqui. Então, se o padre concordar com a presença dele aqui, o Chiquinho fica na comunidade".

A reportagem tentou conversar com o padre, mas ele não quis falar sobre o futuro de Chiquinho na igreja.

Fonte: G1 

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