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24 novembro 2021

Abandono dos búfalos de Brotas é um dos maiores casos de maus-tratos animais já vistos no Brasil


OPINIÃO:
o maior caso de maus-tratos e o maior caso de negligência policial também! Por que o criminoso responsável por esta atrocidade não está atrás das grades?
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O abandono, ao que tudo indica proposital, de ao menos 1.056 búfalas no sítio de Água Sumida, no município de Brotas (SP), tem sido tratado por advogados e ativistas como um dos maiores casos de maus tratos aos animais já registrados na história do país.

O cenário na propriedade é desolador: pelo menos 22 búfalas já morreram de fome no local até o momento, há animais em decomposição na propriedade e muitos dos búfalos vivos estão com as costelas à mostra, em avançado estado de inanição.

A Polícia Civil investiga o caso, mas segundo o delegado Douglas Brandão Amaral, as provas indicam que o proprietário e administrador da fazenda, Luiz Augusto Pinheiro de Souza, teria deixado propositalmente os animais definharem no local.

Imagens de animais do sítio esquálidos, atolados e desesperados por comida têm circulado nas redes sociais e despertado a revolta e a solidariedade de ativistas e até de celebridades como Luísa Mell e Xuxa.

O caso teve início depois que a Polícia Ambiental de São Paulo recebeu uma denúncia e fiscalizou o local, no dia 6 de novembro. Na ocasião, foram contadas 677 búfalas-asiáticas abandonadas e 22 animais mortos. Responsável pela fazenda, Souza foi multado na ocasião em R$ 2,133 milhões.

O número oficial de animais abandonados, contudo, é bem maior. Segundo o delegado Amaral, são 1.056 búfalos, sendo que a maioria do rebanho é constituída de fêmeas, além de 72 cavalos e éguas.

Nos dias seguintes, a Polícia Civil esteve no local e constatou que a situação de inanição dos animais continuava e articulou uma força-tarefa com a prefeitura, ONGs e empresas para salvar os animais, segundo consta no inquérito do caso.

"Vimos um cenário de guerra quando chegamos ao local. Eram muitos búfalos mortos, outros caídos no chão e agonizando. As quase 500 cabeças que ainda estavam de pé começariam a cair em mais um ou dois dias. A força-tarefa conseguiu uma ordem judicial e começou a desatolar animais e dar soro e comida a eles, mas o proprietário continua omisso", disse ao GLOBO o delegado Douglas Brandão Amaral.

"O fazendeiro alega que está tudo normal, que as búfalas estão morrendo porque estão velhas, e que ele não fez o descarte (dos animais) antes para frigorífico porque não achava justo mandar matar animais que foram úteis para ele no passado. Os fatos, porém, são que muitas búfalas são jovens, estão prenhes e foram deixadas para morrer sem água e comida", salienta o delegado.

A hipótese inicial de que o dono do local queria se livrar dos animais para arrendar a área para o plantio de soja, para o delegado Amaral, não se sustenta.

"Ele poderia ter vendido os búfalos antes disso por um valor irrisório, mas não o fez. Ainda apuramos o que poderia ter levado à decisão de deixá-los à morte", diz.

São necessários diariamente 11 mil litros de água e 10 toneladas de alimentos como feno e farelo de milho para alimentar os animais, segundo ativistas e informações que constam no inquérito policial ao qual a reportagem teve acesso. Todo o material, segundo a publicitária e ativista Larissa Maluf, vem de doações arrecadadas em campanhas.

A ativista chegou à fazenda no dia 8 de novembro. Ela afirma que a situação de abandono e maus tratos dos animais se prolonga há meses e só passou a ser atenuada depois que voluntários e ativistas ocuparam o local para alimentar e tratar dos animais.

"Somos 20 voluntários, mas só 10 podem entrar na fazenda por uma limitação judicial. Estamos nos revezando para cuidar das búfalas, maioria prenhe e em situação grave porque definharam por meses, mas é pouca gente. Há um hospital de campanha montado pela ONG Amor e Respeito Animal (ARA) que está tratando da 15 mais graves", afirma ela.

Souza chegou a ser preso pela Polícia Civil em flagrante por maus tratos de 667 animais em 11 de novembro, mas foi liberado em seguida após pagar fiança de R$ 10 mil.

O inquérito policial cita, por exemplo, "forte odor de carniça e a presença de incontáveis urubus" no local. "Por onde a vista passava eram visto búfalos mortos ou deitados agonizando, aguardando com sofrimento, sem nenhum acompanhamento de profissional (...) a dolorosa chegada da morte (...) sem nenhum tipo de pastagem e água", diz o auto de prisão do fazendeiro.

Após ser libertado, Luiz Augusto Pinheiro de Souza teria buscado impedir o trabalho dos voluntários, segundo a polícia.

A ONG ARA conseguiu uma liminar que permitisse aos voluntários atuar no local para tratar dos animais, mas apenas dez pessoas estão autorizadas a entrarem no hospital de campanha na propriedade, o que é considerado um número insuficiente pelos ativistas.

No dia 18 de novembro, um boletim de ocorrência foi registrado por um diretor da ONG contra Souza e dois funcionários da fazenda por descumprirem ordem judicial e trancarem tratores da prefeitura que seriam usados em atividades de auxílio aos animais. A Polícia Civil, então, prendeu no domingo, em flagrante, os dois funcionários de Souza que estariam impedindo o acesso de ativistas ao local. Ambos já foram liberados.

O presidente da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da OAB, Reynaldo Velloso, classifica o caso como um dos maiores atentados contra animais registrados no país. Ele defende que o Judiciário amplie a autorização para que mais ativistas entrem na propriedade.

"É muito grave e precisa de uma ação urgente. Podemos ter mortalidade em massa das fêmeas grávidas, o inquérito mostra um horror. Pelo que se sabe, passaram trator pelo pasto para que os animais não tivessem o que comer e isso acelerasse sua morte de fome. Temos imagens trágicas do local. Não basta salvá-los agora, mas por 10 ou 12 anos, para o resto da vida",  afirma.

Fonte: O Globo 

Um comentário:

  1. Ora, ora bolas! Porque apenas 10 salvadores de animais podem entrar? Se fosse para matar,permitiriam a entrada de centenas! Raça humana desgraçada! Isso é o que faz a indústria da carne e do leite! Malditos pecuaristas e todos os que trabalham para que essa tragédia se perpetue! Agro é sofrimento! Agro é morte!

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