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06 fevereiro 2022

Pandemia de abandono de animais no Rio: número cresceu mais de 300% em janeiro


OPINIÃO:
índice mais do que vergonhoso! É preciso punições mais rigorosas e campanhas educativas mais enfáticas. Se não pode cuidar de forma adequada de um animal, não adotem! É uma vida e uma responsabilidade imensa! É exatamente como ter um filho!
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Luiz Ramos Filho esteve recentemente ligado à história triste, e ainda sem final totalmente feliz, de dois cães abandonados no Rio Comprido. Foi de levar as lágrimas ver os bichos correndo atrás do carro desesperados assim que foram largados na calçada. Ambos foram resgatados, estão sendo tratados, agora à espera de um lar decente. O presidente da Comissão de Defesa dos Animais da Câmara do Rio, porém, alerta que o caso é apenas a pontinha do iceberg. Desde o início do pesadelo do coronavírus, a cidade vem registrando outro tipo de pandemia. A de abandono de animais. O vereador avisa que estão todos sobrecarregados, enquanto mais e mais bichinhos estão sendo deixados à própria sorte, ou azar, pelas ruas da cidade. É o momento de a sociedade ajudar.

Dá pra dizer que existe uma pandemia de abandono de animais nos últimos tempos no Rio? Você tem números?

Eu tenho aqui um número de janeiro que é assustador. E esse número vem aumentando muito com a questão da pandemia da Covid. E a continuidade da pandemia, com as pessoas não conseguindo mais se manter, que dirá manter os animais, fez com que as pessoas tomassem essas atitudes erradas, descartando os animais nas vias públicas. Por exemplo. Em janeiro de 2021, houve 173 caso registrados por nós, entre abandonos e maus tratos. Em janeiro deste ano, subiu para 639 casos. Só o que eu recebi agora, se eu te encaminhar aí... Agora há pouco os bombeiros me ligaram. No caso dos cães do Rio Comprido, a delegacia me ligou. Resgatamos dois que não eram aqueles que foram abandonados. Encaminhados para uma clínica veterinária. Mas os abrigos estão lotados, as protetoras estão lotadas. As ONGs estão superlotadas. As pessoas não adotam mais os animais. Porque as pessoas estão com medo de assumir compromissos, não tendo condições. Por causa das despesas com alimentação, com cuidados veterinários. Então, dificulta muito hoje a gente fazer um regaste, acionar a prefeitura, porque a prefeitura precisa liberar espaço. Pra você resgatar um, tem que sair outro. E isso não está acontecendo. E os problemas vão se acumulando. E as pessoas estão abandonando cada vez mais. Estamos com cada vez mais dificuldade de encaminhamento para animais que sofrem maus tratos.

Qual foi sua reação quando soube o caso dos animais abandonados no Rio Comprido? A cena dos bichinhos correndo atrás do carro é de cortar o coração...

É um caso lamentável, que já vem acontecendo há muito tempo. Por mais que isso apareça na televisão, as pessoas não estão se sensibilizando. Já houve outro caso que apareceu no RJTV, onde uma picape abandonou seis cães em Volta Redonda. Uma atitude que está virando normal, recorrente. As pessoas querem se livrar do problema, querem passar o problema pra outra pessoa. É um caso que a gente tem que conscientizar as pessoas cada vez mais que abandonar animal é crime. Hoje a legislação mudou. A legislação dos pets prevê prisão, um transtorno na vida das pessoas. A gente lamenta muito a atitude dessas pessoas que abandonam os animais. Que transferem a sua responsabilidade para outras pessoas. Abandonam na frente de lojas, de casas, em terrenos baldios. Esse animais contraem doenças, transmitem doenças, inclusive para as pessoas. Em Realengo, por exemplo, tem muitos casos de pessoas com esporotricose (doença que provoca ferimentos e úlceras nas peles e mucosas), o que demanda a rede de atendimento público, é um tratamento de seis meses. Então, é uma questão de saúde pública. A gente precisa de mais políticas públicas para os animais, porque olhar para os animais é olhar para as pessoas também.

Como está a situação deles atualmente?

Eles estão numa clínica veterinária em Bangu. Um está com doença do carrapato. Eles estão com muitas pulgas, carrapatos, subindo pelas paredes. Um está está com uma inflamação no ouvido, uma otite. Tão logo eles estejam preparados, recuperados, serão castrados e colocados para adoção. Na verdade, estão quatro lá na clínica. Os dois que foram resgatados errado e os dois do Rio Comprido. Em vez de dois, acolhemos quatro.

E o caso da cadela Pandora? Te sensibilizou muito?

Acompanhei. Quarenta e cinco dias ela ficou perdida, um descaso total da empresa Gol. Eles não se movimentaram, não ajudaram a buscar esse animal, uma vez que era responsabilidade deles o transporte. Não tiveram essa iniciativa de buscar o animal, o animal saiu por dentro do aeroporto. Tem acontecido muito com animais, isso quando não morre, né? Temos visto vários casos de animais morrendo no transporte. A gente tem que ter o mínimo cuidado com as pessoas que a gente transporta, mas também com os animais. É uma que está sendo transportada. Os pets são membros da família. Muitas famílias optaram por não ter filhos, mas por ter pets. Hoje há mais cães e gatos do que crianças nos lares. É uma mudança de comportamento da nossa sociedade. Essas pessoas têm um amor imenso por seus animais, e os animais não são nenhum tipo de objeto. Pra algumas pessoas, talvez sim. Mas para essas pessoas que optaram em não ter filhos e ter pets, esses animais são membros da família.l

Qual foi o resgate mais dramático do qual participou?

Eu já fiz várias. Teve um que viralizou na internet que foi a pedido da atriz Paula Burlamaqui. Foi no Recreio. Foi antes de começar a pandemia. Tinha um apartamento com uma imundície tremenda, Paula Burlamaqui me ligando. Estava numa feira de adoção e fui lá. Chegando lá, o apartamento imundo, não tinha como respirar lá dentro, porque era um cheio de amônia tremendo. O piso imundo. A gente conseguiu retirar os animais. Os vizinhos nem conseguiam comer direito, porque o cheiro era muito forte. Foram 17 animais resgatados, isso sem contar os mortos. Cerca de 20. Na Tijuca, já tirem 56 cachorros de um apartamento. Em outra casa, além dos animais, tirei dez caminhões de lixo. Há vários casos envolvendo pessoas acumuladoras, em situações que trazem doenças. Já perdi a conta de quantos animais já resgatei, acho que mais de dois mil.

Você tem bichos em casa?

Não, hoje eu não tenho. Porque hoje eu moro em apartamento e trabalho de manhã até a noite. Quem quer ter animal tem que cuidar do seu animal. Minha esposa não quer cuidar porque ela tem rinite, minhas filhas são alérgicas. Eu não posso obrigar alguém que não quer adotar. Quem quer adotar tem que cuidar. Sempre tive animal, infelizmente já faleceram, minha mãe tem, uma que resgatou. O dia em que eu estiver morando numa casa, em que eu tiver um terreno, em que eu possa abrigar... Porque o que está acontecendo? Outro dia recebi uma denúncia de Copacabana, de um cachorro preso numa varanda pequena. O que mais tem de denúncias na polícia é essa questão das pessoas em apartamento que querem ter o animal, mas deixam trancado numa varanda, para não entrar em casa. Quem quer cuidar de um animal, é pra cuidar realmente, para interagir com a família. O dia em que eu tiver uma casa e houver um consenso com minha esposa. Porque tudo tem que ser consensual.

Fonte: Extra 

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