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Por Gabriel Sabóia — Brasília
O deputado Marcelo Queiroz (PP-RJ), que preside a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, afirmou que o colegiado irá propor mudanças na legislação para as lojas que trabalham com a venda de animais. A proposição de um plano de fuga e de contingência de desastres acontece após a pet shop da Cobasi, no Shopping Praia de Belas, na capital gaúcha, ter deixado pelo menos 38 animais morrerem, após as enchentes que atingiram Porto Alegre no último mês. Em sessão na Câmara, nesta terça-feira, a delegada que investiga o caso reiterou que a petshop se preocupou em salvar equipamentos eletrônicos do estabelecimento, subindo-os para o mezanino — procedimento que não se repetiu em relação aos bichinhos. Convidada a prestar esclarecimentos sobre o caso, a Cobasi não mandou representantes à sessão da Câmara.
— Pessoalmente, sou contrário à venda de animais. Mas, ainda não temos um consenso capaz de impedir esta prática. Fica claro, entretanto, que é importantíssimo termos uma legislação firme, que obrigue as lojas que vendem animais a terem um plano de fuga em caso de desastres ambientais como este, através das quais os animais podem ser salvos — afirma o parlamentar que segue acompanhando o caso. De acordo com ele, o colegiado ainda estuda a melhor maneira de pedir a mudança da lei.
Queiroz também falou sobre mudanças relativas à responsabilidade social das empresas do setor.
— Estamos falando de um mercado bilionários, que se mantém distante das causas relacionadas aos animais. O caso da Cobasi deixa isto claro e pretendemos mexer na legislação referentea isto também: a loja que vender animais precisa colaborar para um fundo de assistência a outros animais abandonados ou mesmo trabalhar com formas de compensação ambiental — completa.
A delegada Samieh Saleh, que está à frente do caso, reiterou que funcionários da loja preferiram salvar computadores e máquinas de cartão.
— Os quatro CPUs dos caixas de pagamento que ficavam lá embaixo, além de várias máquinas de cartão, estavam todos no andar superior num carrinho de compras. Subiram com os materiais, mais deixaram os animais lá.
O caso
O caso foi descoberto no último fim de semana, denunciado pela ONG Princípio Animal. Na visita que policiais, bombeiros e voluntários fizeram à loja no domingo, sequer era possível acessar o subsolo da loja, onde os animais teriam sido deixados para morrer.
— Nós queríamos entrar no local para sabermos se ainda havia algum animal vivo. A própria Cobasi emitiu a nota dizendo que estavam mortos, mas nós tínhamos esperança — contou, na última segunda-feira, o diretor da ONG, Fernando Schell Pereira, que esteve no local. — A loja fica no subsolo do shopping, mas tem um segundo andar, um mezanino. Os bombeiros não deixaram a gente descer à parte mais baixa, porque não tinha viabilidade, a água estava muito alta, mas foi constatado que nenhum animal sobreviveu. E o que nos revoltou ainda mais foi ver que a parte de cima estava intacta: local onde eles exibiam produtos e rações. Ou seja, os funcionários, o responsável, tiveram todo o tempo do mundo para colocar esses animais em segurança, mas eles permaneceram lá embaixo em suas gaiolas.
Procurada pela reportagem, a Cobasi disse em nota em que lamenta a morte dos animais na loja. Segundo eles, os pets que estavam na parte baixa da loja e acabaram morrendo eram aves e roedores.
Fonte: O Globo
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