OPINIÃO: a príncipio, a estimativa era que 40 animais tinham morrido, mas os novos números, quatro vezes mais do que o apresentado, mostra que esse crime teve dimensões ainda mais cruéis. É preciso uma multa maior e a prisão dos responsáveis. Esperamos que essa tragédia sirva como mote para uma legislação que proíba definitivamente a objetificação e venda de animais.
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A Polícia Civil confirmou, nessa segunda-feira (10), que cerca de 170 animais morreram em duas lojas da Cobasi, por decorrência da enchente de maio em Porto Alegre. Conforme a titular da Delegacia do Meio Ambiente do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegada Samieh Saleh, os dois inquéritos que tratam do tema deverão estar concluídos para remessa ao Ministério Público e ao Poder Judiciário até o final desta semana.
"Oitivas necessárias foram realizadas e documentos solicitados foram entregues, parte deles após ordem judicial. Estão pendentes apenas resultados de perícias. O relatório final está em elaboração e irá delinear condutas de pessoas e da própria empresa nos fatos", aponta Samieh.
A delegada é enfática ao dizer que não irá antecipar suas análises sobre eventuais indiciamentos. Contudo, não hesita em pontuar a ausência de coordenação diante da emergência deflagrada pela enchente.
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"Fica claro que a loja não tinha um plano de ação", descreve.
Os dois inquéritos investigam fatos relacionados com a morte de animais expostos para venda nas lojas da Avenida Brasil, no bairro São Geraldo, e do Praia de Belas Shopping. No primeiro local, voluntários tentaram resgatar animais e interagiram com empregados da Cobasi, que efetuaram a remoção dos pets que estavam vivos. No centro de compras do bairro Praia de Belas, a loja, situada no subsolo, ficou totalmente inundada. Todos os animais que estavam no local morreram.
Lista de animais em estoque
A listagem dos animais que estavam nas lojas da Cobasi é um dos componentes que será considerado no fechamento do inquérito, destaca a delegada do Deic. Samieh diz que não divulgará a lista, na qual constam quantidades por espécies de aves, mamíferos roedores e peixes, antes da conclusão do trabalho de investigação.
"Na vistoria à loja do Praia de Belas Shopping, ocorrida em 23 de maio, foi possível observar algumas carcaças de aves e pequenos roedores. Porém, animais menores, como peixinhos ornamentais, não deixaram vestígios em meio à lama e ao acúmulo de material danificado. A perícia irá contribuir nesta constatação".
Cobasi publica relato detalhado
Desde o final da semana passada, a Cobasi tem divulgado um relato detalhado, contendo o posicionamento da empresa acerca dos acontecimentos e a reprodução de comunicados ocorridos entre a administração do shopping e a gerência da loja no Praia de Belas. O documento, aponta a assessoria de comunicação da Cobasi, contém a mesma linha argumentativa que tem sido apresentada às autoridades.
"Sobre o ocorrido com os pequenos roedores, aves e peixes na loja Cobasi localizada no Shopping Praia de Belas, desde o início comunicamos às pessoas a perda das vidas dos pequenos roedores, aves e peixes ornamentais, fato que nos deixou profundamente tristes", diz trecho da nota remetida na última sexta-feira (7) para GZH.
Entre os comunicados destacados está o emitido em 4 de maio pelo centro de compras, o qual desaconselha o acesso de lojistas às instalações. Em outros, há informes sobre a manutenção do fechamento e sobre o monitoramento da situação. Em outro trecho do documento, a empresa enfatiza:
"Não protegemos objetos em detrimento à vida. A inundação destruiu quase a totalidade de equipamentos e produtos da loja. Com base nas informações fornecidas pelo shopping Praia de Belas, não levamos os animais ao mezanino, pois consideramos que eles estavam seguros. Da mesma forma, toda a mercadoria e os equipamentos eletrônicos também não foram deslocados. A gerência da loja manteve-se sempre em contato com a direção do Shopping sendo informada, em todas as oportunidades, de que a situação estava controlada e que, a despeito disso, os acessos às suas dependências não estavam autorizados por razão de segurança. A Cobasi lamenta profundamente o ocorrido. A empresa ressalta que está colaborando com as investigações realizadas pelas autoridades e que irá comprovar todas as informações expostas nos autos."
O que argumenta a Cobasi
Por notas emitidas após a descoberta sobre a morte dos animais, a Cobasi posicionou-se sobre os casos envolvendo as lojas na Avenida Brasil e no Praia de Belas Shopping.
Sobre o fato na unidade da Avenida Brasil:
"Desde o início do agravamento da situação no Rio Grande do Sul, a Cobasi vem, de forma rigorosa, prezando pela segurança e bem-estar das pessoas e animais. A Cobasi da Av. Brasil alagou durante a madrugada, e pela manhã, os funcionários foram impedidos pela Defesa Civil de entrar na loja. Com a diminuição do nível da água, a Cobasi conseguiu resgatar os animais que estavam no local, de forma urgente, uma vez que ainda havia a proibição do acesso. Os animais já receberam atendimento veterinário e estão em locais fora de risco. Infelizmente, um pássaro e três peixes não resistiram à tragédia", argumenta a empresa.
Sobre o fato no Praia de Belas Shopping:
"A loja Cobasi Praia de Belas teve de ser deixada de forma emergencial, seguindo as orientações das autoridades locais. Foi garantido que os animais estivessem seguros e com o necessário para a sobrevivência ate o retorno dos colaboradores que considerávamos ser breve. Mas a tragédia foi sem precedentes e, apesar das tentativas constantes da empresa nos últimos dias, não foi possível o acesso seguro à loja devido o nível da água. É com pesar que a Cobasi comunica a perda das vidas dos animais que estavam no local. A empresa seguirá atuando com as ONGs de proteção animal, da região e de todo o país, para salvar as vidas que pudermos, enquanto lamentamos aquelas que não pudemos salvar", sustenta a Cobasi.
Fonte: GZH
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